sábado, 2 de dezembro de 2017

Batalha final na política não é atribuição do Ministério Público


Nós, representantes de diversos movimentos da sociedade civil organizada, estamos reunidos na Câmara dos Deputados, neste dia 29 de novembro de 2017, para registrar total repúdio ao que aconteceu nesta casa no fatídico 29 de novembro de 2016.
Chequer (centro) e Ferreira (esq.) em campanha
Bernardo Mello FrancoFolha
Na segunda-feira, Deltan Dallagnol declarou que a eleição de 2018 será a “batalha final” da Lava Jato. Ele descreveu o Congresso como a “maior ameaça” à operação. Em seguida, defendeu a escolha de parlamentares “identificados com a agenda anticorrupção”.
A indicação de candidatos a deputado ainda não faz parte das atribuições do Ministério Público. O procurador informou que não se tratava disso. “Não há tentativa de politizar um trabalho que é técnico, imparcial e apartidário”, afirmou. Dois dias depois, um ato em Brasília sugeriu que a coisa pode não ser bem assim.
CAMPANHA – Grupos de apoio à força-tarefa foram ao Congresso lançar uma campanha para influenciar as eleições parlamentares. A iniciativa foi batizada de “Tchau, queridos”, uma referência ao slogan usado nas passeatas a favor do impeachment.
Um dos líderes do ato, o ativista Marcos Paulo Ferreira prometeu divulgar um índex de políticos que não mereceriam ser reeleitos. “Vamos publicar em todos os cantos do país quem são esses que não podem voltar a essa Casa no ano que vem. Tchau, queridos”, disse.
Ferreira se apresentou como presidente do Instituto Mude, mas também é pastor da igreja frequentada por Dallagnol em Curitiba. Ele organizou viagens e entrevistas do procurador durante a campanha das Dez Medidas contra a Corrupção.
RANKING DOS POLÍTICOS – Na quarta-feira, o pastor posou ao lado de Rogerio Chequer, líder do movimento antipetista Vem Pra Rua. Eles apresentaram a ferramenta Ranking dos Políticos, que classifica os parlamentares “do melhor para o pior”. Dos dez primeiros colocados, quatro são filiados ao PSDB. Os outros seis também pertencem a siglas que apoiam o governo de Michel Temer.
Não parece bom para a Lava Jato que procuradores deem declarações genéricas contra o Congresso ou expressem o desejo de influenciar as eleições. A “batalha final” da operação deve ser travada nos tribunais. Nas urnas, a palavra cabe ao eleitor.

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