Com transporte público limitado e de qualidade baixa, não restam muitas alternativas para a população da Região Metropolitana de Belém (RMB) se locomover. Para quem vive no distrito de Icoaraci, por exemplo, uma das opções mais viáveis em vários casos é o uso de vans, que oferecem custo baixo e agilidade, mas, em contrapartida, têm sido alvo de muita criminalidade.
Na noite de quarta-feira (27), por exemplo, um passageiro foi assassinado ao reagir a assalto dentro do veículo, na avenida Augusto Montenegro. Raimundo André da Silva Neto, 22 anos, estava em uma van indo para Icoaraci quando reagiu a um assalto cometido por dois homens e uma mulher e foi assassinado.
Quem trabalha no ramo vive sobressaltado. O cobrador de van Marlon Maia, 27 anos, já está na área há 15 anos e relata que passou por incontáveis assaltos no serviço, incluindo com tiros. “Não tem hora para acontecer. Quando chega perto de feriado, é pior ainda. Na última vez que passei por um assalto, o ladrão atirou e pegou de raspão no peito de um passageiro e quase pega em mim”, recorda.
Francisco Leão, 27 anos, já é motorista de van há 6 anos e faz o mesmo trajeto que o veículo do latrocínio da noite de quarta, Castanheira/Icoaraci. Ele diz que evita passar das 20h e deixar que pessoas suspeitas entrem na van como forma de proteção. “Só no ano passado, fui assaltado na van cinco vezes”, destaca.
A dona de casa Edileuza Izabel Silva, 57, é uma das pessoas que dependem desse tipo de transporte. “Eu ando em van só por necessidade mesmo, mas já saio de casa com pavor. Conheço muitas pessoas que já foram assaltadas”, declara.
Não há quem trabalhe no segmento que não tenha uma história para contar. O motorista Tarcísio Silva, 32, lembra que já fez muitas rotas pela RMB nos seus 10 anos de profissão e passou por quatro assaltos. “Da última vez, dois passageiros foram baleados no assalto, mesmo sem terem tido nenhuma reação”, recorda.
Para se prevenir, o motorista Paulo Nascimento, 55 anos, só trabalha pelo turno diurno. “Além disso, fico sempre alerta nas paradas da van. Prefiro deixar de pegar alguns passageiros mais suspeitos ou em locais muito perigosos”, explica.
(Alice Martins Morais/Diário do Pará)
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