Um levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde; apontou um grande aumento no número de suicídios de crianças e adolescentes no Brasil.
De acordo com a pesquisa, entre 2000 e 2015, os suicídios cresceram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% de 15 a 19 anos. Isso representa mais do que a alta de 40% na média da população. Casos recentes de suicídios de estudantes de colégios particulares em São Paulo acenderam um sinal de alerta em pais e escolas.
“Estamos nos ocupando demais e vivendo de menos, se passarmos mais tempo ao lado dos filhos, conseguiremos perceber suas diferenças, e mesmo que não nos queira dizer os problemas, podemos, ao perceber, buscar soluções para que nossas palavras entrem em sua mente e os faça refletir e encontrar soluções. O raciocínio lógico, a razão dentro do entendimento da faixa etária do indivíduo, é um meio para que o que queremos passar, seja absorvido pelos jovens e crianças,”disse o filósofo Fabiano de Abreu, autor do livro ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim”. O autor busca na filosofia, teorias que possam ajudas a ter uma vida melhor.
No período da adolescência, e mesmo da pré-adolescência, os indivíduos têm uma vulnerabilidade muito grande em relação ao bullying, a pressões sociais, entre outros aspectos. As redes sociais são um dos grandes motivadores de aumento de ansiedade e até de depressão, seja por comentários maldosos ou as famosas fake news, que viralizam instantaneamente. As redes também podem afetar a autoestima de um jovem que percebe que os posts de seus colegas têm muito mais curtidas do que os dele.
Para o filósofo Fabiano de Abreu, a filosofia de vida é trazer à moda o antigo, pois o que vivíamos podemos trazer de volta e ser interessante:
“Uma simples preocupação em bloquear conteúdos, fiscalizar, pode alterar o destino de uma criança. Se dividirmos nosso tempo em nos distrairmos com os filhos ao invés de dar um tablet e um telefone para que ele se cale, o destino também poderá ser alterado. O conceito do antigo passa a ser moda, quando o diferente entra em evidência e é incentivado. Não ter celular aos 10 anos, ter limites nos jogos, no tempo no computador e viver coisas que vivíamos na década de 80, pode ser interessante e diferente quando promovidos por nós mesmos. Dedicar uma parte do tempo à viver com os filhos o que vivíamos na infância pode ser interessante e adaptável, não tendo assim necessidade de buscar conteúdos e amigos em outros meios, pelo menos amenizar. Lembro que doutrina, quando induzida desde cedo, cria-se uma cultura que res ulta em um futuro mais de acordo com o que queremos proporcionar” concluí Fabiano de Abreu.
Num contexto mais agressivo e extremamente danoso , não podemos deixar de citar sobre a Violência Sexual no ambiente familiar. Segundo dados do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e do Sistema Único de Saúde, mais de 120 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes foram registrados no país entre 2012 e 2015 – o equivalente a pelo menos três ataques por hora. Só no primeiro semestre de 2017, 9 mil casos foram denunciados. Os números estão crescendo cada vez mais, e estima-se que sejam ainda maiores, pois a maioria sofre abusos em silêncio, carregando as conseqüências psicológicas por toda vida.
“Aos 10 anos começaram os carinhos mais íntimos, eu não sabia identificar ainda, mas tinha certeza que algo ali estava errado. Comecei a cultivar um ódio dentro de mim pelo meu padrasto… o simples fato dele existir, já ameaçava minha existência. Os anos foram passando, esses carinhos se tornando abusos, já comecei a perceber o que estava sofrendo… Deus não esteve presente, por vezes implorei pra ser livrada daquele monstro, mas não acabava! Algumas tentativas em expor o que estava acontecendo, mas fui desacreditada e castigada pela acusação, sendo obrigada a aceitar meu destino, até acontecer o mesmo com minha irmã caçula… ela foi mais forte que eu, gritou ao mundo o que havia acontecido com ela. Com isso, pensei que seria liberta, mas não estou. Mesmo sabendo que ele está pagando criminalmente pelos fei tos, sinto que algo grande de mim foi roubado, não sei mais quem sou, não confio em ninguém, não acredito em Deus. Me perco em meus pensamentos, o mundo não tem mais cor… em momentos, tentei acabar com a minha vida e ainda fujo de casa sem rumo à espera de me reencontrar… nunca e nada vai apagar o que passei…”, relata R.M.S, 16 anos.
No Brasil, 95% dos casos de violência sexual contra menores são praticados por pessoas conhecidas das crianças, e em 65% deles, vem de pessoas da própria família. O abusador manipula emocionalmente a criança, sem que ela perceba que é vítima e, que os “carinhos” são, na verdade, abusos. Esta manipulação, leva a criança ao silêncio por sensação de culpa, que no futuro, pode se manifestar em comportamentos graves como a autoflagelação e tentativas de suicídio.
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