terça-feira, 1 de maio de 2018

Barbosa se aproxima de Armínio Fraga para vencer resistências a seu nome

O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa em frente a quadro de Eduardo Campos após reunião com políticos do PSB
Preocupação atual de Barbosa é unir o PSB
Marina DiasFolha
Era abril de 2014 quando um emissário do então presidenciável Eduardo Campos levou pela primeira vez o convite para que Joaquim Barbosa se filiasse ao PSB. A receita fácil que mistura a autoridade de um ministro do Supremo Tribunal Federal ao frescor de um outsider da política era o prenúncio, aos olhos do pernambucano, do fenômeno que aconteceria quatro anos depois: Barbosa foi alçado ao posto de principal novidade da eleição, com até 10% nas pesquisas, antes mesmo de se declarar candidato.
Naquela ocasião, foi de Alexandre Navarro, seu amigo há mais de 30 anos, a missão de dizer que o PSB gostaria de tê-lo na disputa pelo governo do Rio. Avesso a articulações políticas e prestes a se aposentar, Barbosa não quis nem ouvir Campos pessoalmente.
NO FUTURO… – Respondeu que não queria parecer oportunista, já que deixaria a corte dali a menos de três meses. No fim da conversa, porém, deu um recado direto a Navarro: “No futuro, posso ser candidato e pode até ser pelo seu partido”. E foi ali que Joaquim Benedito Barbosa Gomes chancelou seu desejo de concorrer à Presidência da República.
Recém-filiado ao PSB, o relator do mensalão em 2012 agora tenta consolidar, dentro e fora da sigla, sua candidatura ao Palácio do Planalto. Sabe que precisa vencer resistências a seu nome no partido, mostrar mais claramente em que campo ideológico se posiciona e decidir se vale a pena trocar a unanimidade de uma vida como advogado bem-sucedido pelo papel de candidato ao mais alto cargo Executivo do país.
NO ANO PASSADO – O ministro aposentado resolveu apostar. Reiniciou as conversas com o PSB em agosto do ano passado, em um jantar na sede da Fundação João Mangabeira, em Brasília. Mais uma vez Navarro, presidente do conselho de ética do partido, recebeu Barbosa em um encontro discreto, ao lado do presidente da legenda, Carlos Siqueira, e o da fundação, Renato Casagrande.
A conversa foi inconclusiva mas, em 8 de novembro, o grupo se encontrou novamente e ofereceu a legenda para que o ex-ministro disputasse as eleições deste ano.
Outras reuniões se seguiram, até que, dez dias antes de se filiar ao PSB, Barbosa falou de forma mais objetiva sobre suas pretensões eleitorais com um de seus principais conselheiros: o ex-colega de STF Carlos Ayres Britto.
MAIOR DESAFIO – Os dois se encontraram em um café de Brasília e ali já estava claro que seu maior desafio seria unir um partido do qual nunca fizera parte. E mais: mostrar o que pensa sem perder o capital político que, de saída, parece ser capaz de abocanhar eleitores de diferentes campos ideológicos.
Barbosa não está ladeado por uma equipe robusta e seu ainda nebuloso pensamento sobre áreas estratégicas, principalmente na economia, faz com que aliados se apressem a espalhar algumas de suas ideias. O objetivo é evitar a fuga de potenciais apoiadores.
A tese é de que ele faça uma série de conversas temáticas nas próximas semanas e escolha o quanto antes um medalhão para apoiá-lo no campo econômico e, assim, vencer as resistências no mercado. Aliados querem articular um encontro do ministro aposentado com o economista Armínio Fraga e dizem que, submerso, Barbosa evita se expor a ataques de adversários.

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