( Diário do Nordeste )
A demora no andamento dos processos trouxe consigo uma sensação de morosidade tão grande que um dos principais acusados do esquema já voltou a delinquir. A ação penal em curso, que investiga o rombo causado na Caixa Econômica Federal (CEF) não coibiu, sequer, a prática de novos crimes. Assim foi com Ricardo Alves Carneiro, flagrado, em outubro de 2017, usando um nome falso para mover um processo contra um banco privado, na Justiça Estadual.
Se dizendo Ricardo Carneiro Filho, o acusado de articular o esquema investigado na 'Operação Fidúcia', obteve um parecer favorável no processo contra o banco. Iria receber R$ 15 mil, quando descobriu-se que o nome do requerente era falso.
O numerário foi bloqueado por ordem da Justiça. O Ministério Público Federal (MPF) entrou com um novo pedido de prisão contra o acusado, alegando que ele havia voltado a praticar crimes, quando se passou por outra pessoa e conseguiu um RG e um CPF falsos. No entanto, o pedido de prisão foi negado.
A identidade falsa havia sido descoberta pela Polícia Federal, ainda durante as apurações. Utilizando uma fraude grosseira, o acusado não atentou para um detalhe importante quando inventou o nome falso de Ricardo Carneiro Filho: o pai dele não se chama Ricardo.
"Durante as investigações, a PF descobriu que além de ser o mentor do esquema, Ricardo utilizava um nome falso para abrir empresas de fachada e movimentar as fraudes", explicou o procurador da República, Alessander Cabral Sales.
Boa vida
Dono de um automóvel Maserati, uma BMW, um avião de pequeno porte, um imóvel na Praia do Porto das Dunas e uma casa em Miami, nos Estados Unidos da América, o empresário dava festas suntuosas, frequentadas por autoridades e pela alta sociedade cearense. Segundo Alessander Sales, quase nada da fortuna ilícita conseguida pelo acusado foi investida, praticamente tudo servia apenas para sustentar a boa vida que levava. "Ele só queria essa boa vida mesmo. Gostava de ostentar, de mostrar para as pessoas que era rico".
Conforme o procurador, Ricardo Carneiro afirmou, em audiência, que trabalha atualmente como consultor tributário e tem uma renda aproximada de R$ 60 a 70 mil. Porém, não comprovou em Juízo nenhuma das consultorias que diz ter oferecido ultimamente.
"É muito estranho que uma pessoa complicada com a Justiça como ele, que não tem uma graduação na área, que não consegue citar nenhum cliente, preste tantas consultorias e levante tanto dinheiro. Difícil acreditar", afirmou.
A reportagem tentou entrar em contato com Henrique Davi, advogado de Ricardo Carneiro, porém, até o fechamento desta edição, não havia conseguindo falar com a defesa do empresário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário