quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Mulher disse que armou cilada para amante em troca de perdão do marido


 

Rosilene Alves de Souza contou aos policiais como atraiu Osorino dos Santos, 70 anos, para a morte. Vítima foi espancada e queimada viva

 

Sem demonstrar arrependimento, a dona de casa Rosilene Alves de Souza, 47 anos, contou em detalhes como ajudou o marido a planejar o assassinato do amante. A acusada confessou aos policiais que atraiu Osorino Pereira dos Santos, 70, a fim de que Daniel Pereira de Souza, 51, concretizasse o seu plano de vingança. Ressaltou ainda que essa foi a forma de fazer com que o companheiro esquecesse a traição.
Osorino era casado com a tia de Rosilene. As famílias conviviam em harmonia. Há cerca de oito meses, a suspeita se envolveu amorosamente com a vítima. Disse, porém, que tiveram apenas três encontros. Uma outra tia descobriu o romance extraconjugal e, em mensagem, ameaçou Rosilene. Falou que ia contar tudo para os parentes. Daniel ouviu a conversa e, a partir daí, começaram as brigas do casal. Ele teria dito a Osorino: “O que é seu está guardado”.

No dia 5 de outubro, por volta das 17h, Daniel pediu para Rosilene marcar um encontro com Osorino. A mulher atendeu a solicitação do marido. O assassino disse à esposa que essa era a única condição para que ele esquecesse a traição e continuasse casado.
No horário combinado com Rosilene, às 18h, Osorino parou na passarela em Girassol, distrito de Cocalzinho, no Entorno do DF. Assim que entrou no Fiat Uno da vítima, a mulher simulou uma ligação para o filho e disse que havia pegado “o ônibus”. Na verdade, o telefonema era para Daniel, que aguardava o amante da companheira na chácara.
Na propriedade, Osorino foi amarrado em uma viga de madeira na garagem, onde foi “espancado até apagar”. Aos policiais, Daniel, que estava munido de faca e revólver de brinquedo, disse ter ficado “cego de ódio”.
Quando acordou, a vítima pediu para fazer uma ligação. Queria falar com o “seu amor”, a tia da suspeita. O assassino permitiu. Na ligação de despedida, disse para a mulher que faria uma viagem para a Bahia e voltaria logo. Neste momento, Osorino, que morava com a família na Vila Planalto, chorava e fungava, pois o nariz estava sangrando.
Daniel nega ter tido intenção de matar Osorino e alega que a vítima teria pedido para que ele fizesse o serviço completo. Irritado, agrediu novamente até o homem perder a consciência. Disse que se desesperou quando viu que Osorino “já não respirava mais”. De acordo com o suspeito, Rosilene não participou da agressão, ficou trancada no quarto da residência da chácara.
Queimado vivoRosilene, mãe de dois filhos, de 21 e 15 anos, teria voltado para casa, em Águas Lindas, também no Entorno do DF, no veículo do casal. Sem saber o que fazer, o suspeito decidiu dar fim ao corpo de Osorino. Pegou um galão com gasolina usada para abastecer o gerador de energia da chácara e colocou o combustível no banco da frente do Fiat Uno da vítima.
Já na área de eucaliptos de Brazlândia, na noite do dia 5 de outubro, disse que, quando acendia uma cigarro a dois metros de distância do Fiat Uno, de alguma forma, o fogo se alastrou, provocando uma explosão. As chamas chegaram a queimá-lo no rosto e no braço.
Depois de incendiar o carro de Osorino, o homem pegou carona de volta com um carroceiro. Em casa, em Águas Lindas, já na madrugada de 6 de outubro, tomou banho, passou creme nas queimaduras e foi dormir. No dia seguinte, trabalhou normalmente. Quando questionado sobre a queimadura, dizia ter sido provocada por óleo de fritura.
No dia seguinte ao assassinato, o casal foi intimado a comparecer na 18ª DP para prestar depoimento. Daniel não estava em casa e foi avisado por Rosilene da intimação. Pediu à mulher que desse uma desculpa, pois lembrou de ter deixado as chaves de casa na chácara. Voltou à cena do crime e recuperou o objeto.
No laudo cadavérico, os especialistas do Instituto Médico Legal (IML) relatam as dificuldades que tiveram para a realização da perícia. Inicialmente, não conseguiram identificar o corpo, pois não havia “tecido dérmico recuperável” e “os membros superiores encontravam-se ausentes”.
De acordo com o delegado-chefe da 18ª DP, Adval Cardoso, não se sabe se Daniel cortou as mãos de Osorino. “Pode ter ocorrido, mas ele nega e não há como provar, pois o corpo foi completamente carbonizado”, disse o investigador.
Presos na última segunda (22), em Águas Lindas de Goiás, Entorno do DF, o casal responderá por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ambos tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça.

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