Processo administrativo-disciplinar foi instaurado para apurar denúncia de suposta ação violenta de uma equipe da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas. Os agentes teriam agredido um jovem e ameaçado uma mulher
Quatro policiais civis da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), investigados pela Polícia Federal (PF) na Operação Vereda, irão responder também a um processo administrativo-disciplinar na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) pela suspeita de raptarem e agredirem um adolescente, entre outros crimes que teriam sido cometidos durante a diligência, na Capital.
O procedimento contra os policiais Antônio Chaves Pinto Júnior, Fábio Oliveira Benevides, José Audízio Soares Júnior e Raimundo Nonato Nogueira Júnior foi instaurado no dia 23 de novembro deste ano e publicado em portaria no Diário Oficial do Estado (DOE) da última quarta-feira (28). A decisão também afastou preventivamente os servidores de suas funções.
Conforme a denúncia recebida pela CGD, a equipe da Polícia Civil invadiu uma residência, por volta de 16h30 do dia 4 de fevereiro de 2016, sem apresentar ordem judicial, em busca de um suspeito de vender anabolizantes ilegalmente. Sem encontrá-lo no imóvel, os agentes de segurança teriam ameaçado de morte a mãe dele e dado um tapa no rosto do filho dele, um adolescente. No local, a composição teria subtraído R$ 1,9 mil, um tablet e uma máquina de cartão - que não foram apreendidos formalmente pela Delegacia e nem devolvidos aos proprietários.
Depois disso, os policiais teriam colocado o jovem dentro da viatura e rodado com ele pela cidade, terminando na sede da DCTD, no Bairro de Fátima, por volta de 21h. Na Delegacia, o jovem teria sido obrigado a assinar uma série de documentos. A denúncia aponta que ele ficou "traumatizado" com a violência que sofreu e encontra dificuldades para dormir até hoje.
No meio do caminho, os investigadores teriam passado na residência da mãe da companheira do suspeito de vender anabolizantes ilegalmente, onde teriam agredido um homem com chutes nas pernas e uma batida na cabeça. Segundo a portaria da CGD, um Boletim de Ocorrência (B.O.) sobre a agressão foi registrado, e um exame de corpo de delito constatou as lesões corporais.
Reconhecimento
Os quatro policiais foram reconhecidos pelas vítimas e pelas testemunhas, e o relatório da DCTD sobre o mês de fevereiro de 2016 ratificou que o grupo de servidores utilizava, no dia da ocorrência, o mesmo veículo Volkswagen Gol, de cor branca, que foi visto nos dois locais.
O advogado Kaio Castro, representante dos policiais civis, negou as imputações das transgressões disciplinares e alegou que os clientes registraram a apreensão do material na Delegacia. Segundo ele, o suspeito de vender anabolizantes ilegalmente fugiu da residência na abordagem policial, e seu filho e sua mãe foram conduzidos à DCTD para prestarem depoimento - o jovem não teria sido raptado.
Operação
Os quatro policiais foram presos durante a deflagração da segunda fase da Operação Vereda, no dia 27 de julho deste ano, por suspeita de participar de um esquema criminoso dentro da Especializada da Polícia Civil, em que seriam cometidos os crimes de extorsão, roubo, receptação, tortura, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio.
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