Morando em uma casa alugada no bairro João Paulo, Dulcirene de Oliveira, acredita que teve os documentos falsificados e usados para abrir empresas
Uma mulher simples, que mora em uma casa alugada na rua Mastruz, bairro João Paulo, Zona Leste, é sócia de pelo menos duas empresas em Manaus. Ela é Dulcirene de Oliveira, 51, que na tarde do dia 21 de novembro foi surpreendida por agentes da Polícia Federal que deram cumprimento a um mandado de prisão contra ela. Sem saber por que estava sendo presa, não ofereceu resistência e foi levada para a Superintendência da Polícia Federal, no Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste.
De acordo com o advogado da dona de casa, Euler Carneiro, que aceitou fazer a defesa dela gratuitamente, Dulcirene teve o seu nome e os documentos usados por criminosos. Eles abriram uma linha de crédito na Caixa Econômica Federal (CEF) e empresas no nome dela.
No site da Justiça Federal, Dulcirene aparece processada pelos crimes de sonegação fiscal e falsificação de documento particular, além de ser, supostamente, sócia de pelo menos duas empresas de importação. Empresas essas que ela diz desconhecer.
Carneiro disse que na segunda-feira vai à Justiça Federal pedir mais informações sobre a prisão da mulher, pois ela estava com o mandado de prisão expedido desde outubro de 2009, mas até ontem, a dona de casa não sabia o real motivo da sua prisão.
Abalo emocial
Ainda abalada emocionalmente, ela contou o que chama de “provação de Deus”. No dia da prisão, ela estava voltando para casa, quando encontrou três agentes da PF que deram voz de prisão e disseram ter ido buscá-la para prestar esclarecimento. A mulher entrou no carro e foi levada para a Superintendência da Polícia Federal. “Eu pensei que seria ouvida e liberada, mas ninguém falou comigo”, contou.
Na sede da PF, ela disse que foi fotografada e no início da noite, levada para uma cela. “Esse foi o pior momento. A cela era suja, fedorenta, e com quentinhas e garrafas espalhadas pelo chão. As paredes eram todas pichadas com marcas de facções criminosas. Eu ajoelhei ali e orei repreendendo todos os maus espíritos que tivessem por ali. O clima era pesado e senti que ali havia presenças estranhas”, contou, ao afirmar inocência.
Dulcirene também contou que não conseguiu se alimentar e que passou mal, por ser diabética e ter pressão alta.
Vida simples
A mulher foi criada na comunidade Paraná do Guarida, no interior do município de Manacapuru, vive em Manaus há 15 anos e sempre morou no bairro João Paulo. Conforme ela, a sua renda mensal é de R$ 229, oriunda do programa federal Bolsa Família. Ela também conta com a ajuda da família e não trabalha.
Empresas
Triss Importação e Exportação Ltda. é uma das empresas que Dulcirene aparece como sócia junto com Maria Lúcia da Silva Queiroz. Outra empresa é a Flite Importação e Comércio Ltda., localizada na rua 1, conjunto Duque de Caxias, Flores. No local uma casa de muros altos e ontem não havia ninguém. Vizinhos disseram que no imóvel mora uma mulher identificada como Vera e que ela passa a maior do tempo fora.
Dona de casa diz que ficou constrangida
No dia seguinte a prisão, na semana passada, Dulcirene foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), no bairro Cidade Nova, na Zona Norte, para realizar exames e, depois disso, foi levada para a penitenciária feminina, localizada na BR-174. “Quando eu vi que eles tomaram o rumo da estrada fiquei triste, mas não reclamei, sabia que Deus estava cuidando de mim”, afirmou ela.
De acordo com Dulcirene, assim que chegou à cadeia, foi algemada com as mãos para trás e deixada no setor de triagem. Dois dias depois, foi levada para uma cela no pavilhão A, onde havia outras seis internas, e foi bem recebida por elas. Só na última terça-feira ela foi colocada em liberdade, mas o que lhe incomoda é não saber o verdadeiro motivo da prisão, assim como o constrangimento que passou.
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