quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Existe uma enorme diferença entre o marechal Lott e o general Mourão

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O marechal Lott sabia que tinha um nome a zelar
José J. de EspíndolaJornal da Cidade
No longínquo passado tive, entre tantos outros professores do curso de mestrado na PUC-Rio, um coronel que se tornou um grande amigo meu. Era professor competente na área de Controles, tanto na PUC-Rio, como no IME, Instituto Militar de Engenharia.
Quase por acaso fiquei sabendo que era genro do marechal Henrique Duffles Teixeira Lott, que garantira a posse de Juscelino Kubitscheck, ameaçada por golpe acumpliciado pelo então Presidente da República, Café Filho.
FAVORECIMENTO – Essas memórias me acodem por conta da notícia de alegado favorecimento ao funcionário de carreira do Banco do Brasil, Antonio Hamilton Rossel Mourão, guindado à posição da assessor especial do presidente daquela instituição, Rubem Novaes. Com esta ascensão – informa-se – Antonio Hamilton passara a ganhar R$ 36 300, 00 por mês, o triplo do que recebia antes da promoção.
Mas, o que tem esta promoção com a história do meu antigo professor na PUC-Rio? Prossigamos, então.
Aquele brilhante professor havia requerido licença (tudo dentro dos regulamentos do Exército) para fazer o doutorado na Bélgica – se não me falha a claudicante memória, era este o país. O pedido percorrera todas as instâncias, sempre com aprovação entusiástica. Até que… Até que o processo chegou, para a aprovação final, na mesa do Ministro da Guerra, Marechal Lott, e foi negado.
E A JUSTIFICATIVA? – Desconcertado, meu antigo professor foi à noite, com a esposa, à casa do sogro para saber o que ele havia observado de negativo no seu currículo, para negá-lo.
“Meu genro, o seu mérito é patente. Mas você tem um grande problema na pessoa que deveria aprováa-lo. Esta pessoa é seu sogro. Não haveria nada de irregular ou desonesto em eu aprová-lo. Mas, meu genro, você sabe: não basta à mulher de César ser honesta; ela tem também precisa parecer honesta. E para alguns esta aprovação poderia parecer nepotismo, coisa que não posso admitir no Exército.”
E assim meu antigo professor e amigo teve que adiar sua saída para o doutorado, até que outro ministro da Guerra assumisse no lugar de seu sogro. Esta história me foi contada anos após o retorno deste amigo, por ele mesmo, depois de concluído brilhantemente o doutorado.
SEM AVALIAÇÃO – Não alimento qualquer juízo de valor em relação ao filho do atual vice-presidente da República. Tomo como absolutamente possível que tenha, à semelhança do meu antigo professor, mérito para o cargo a que foi nomeado. Creio também na informação do vice-presidente de que o filho fora perseguido dentro do BB nos governos passados. O problema é sempre a lição de Caius Julius Caesar, imperador romano, exigindo, como Lott, não só que a sua mulher seja honesta, mas que também pareça honesta.
Esses são tempos excepcionais. A oposição lulopetista, derrotada e despeitada não perde tempo para atacar. Não precisa de um fato real, basta um pretexto. Quem não se peja em afirmar que Lula é inocente, que foi condenado por um juiz a serviço da CIA e por outros oito magistrados, todos preocupados em barrar o clamor da nação que quer Princeps Corruptorum na Presidência, não espera fatos reais para bater no governo. A liderança petista acredita piamente, como Goebbels, que uma mentira, repetida mil vezes, torna-se verdade.
MULHER DE CÉSAR – Ao Presidente da República cabe zelar para que tais ataques (que sempre existirão, com ou sem motivo) não tenham bases fáticas para serem exploradas. Sempre que a mulher de César não parecer honesta – e não existem varões de Plutarco à vista -, o governo estará abrindo a guarda para ataques. E, como diz o povo, água mole, de tanto bater na pedra dura, acabará por perfura-la.
É bom ter o exemplo do Marechal Lott sempre presente.

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