sábado, 30 de março de 2019

Visita de Bolsonaro a Israel marca período de lua de mel entre países


 

Presidente fechará acordos nas áreas de Defesa, Inovação, Transporte Aéreo e Saúde, homenageará bombeiros e irá o Muro das Lamentações

    • BRASIL
    • Mariana Londres, de Brasília
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Visita de Bolsonaro a Israel marca período de lua de mel

Visita de Bolsonaro a Israel marca período de lua de mel

Agência Brasil
A visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel, que começa neste domingo (31), marca um período de lua de mel entre os países.
A nova etapa das relações bilaterais entre Brasil e Israel começou ainda durante o governo Michel Temer, que fez uma reaproximação após a conturbada relação no governo Dilma Rousseff. Israel chegou a ficar sem embaixador no Brasil na gestão da petista. 
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Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro sinaliza o estreitamento dos laços. Os interesses mútuos são vários: segurança, tecnologia, saúde, alinhamento político e religioso. E há reciprocidade. Bolsonaro disse, ainda em campanha, que tinha intenção de mudar a Embaixada para Jerusalém.
O premiê israelense veio à posse em 1º de janeiro. E Bolsonaro prometeu que Israel seria um dos primeiros países que visitaria. Ao pisar em solo israelense, Bolsonaro será recebido no aeroporto por Benjamin Netanyahu, que só prestou essa deferência a outros quatro chefes de Estado. 
A mudança da embaixada brasileira não deve ser anunciada na visita, embora não tenha sido descartada. Houve avaliação dentro do governo que o impacto econômico poderia ser importante, já que países muçulmanos — grandes importadores de carne hamal brasileira — são contrários. No lugar da embaixada, o Brasil deve anunciar a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém. 
Bolsonaro embarca neste sábado (30), em Brasília, acompanhado de quatro de seus ministros. Ao lado do presidente, estarão o chanceler Ernesto Araújo, o ministro das Minas e Energia, almirante Bento, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o ministro do gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. 
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, também estará na comitiva. Além dele, também viajam os senadores Chico Rodrigues (DEM-RR) e Soraya Thronicke (PSL-MS), a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), o chefe do estado maior das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho, e o secretário de Pesca, Jorge Seif. O novo chefe da comunicação, Fábio Wajngarten, foi antes e se juntará à comitiva. 
Na programação, estão incluídas uma reunião entre Bolsonaro e o premiê e uma cerimônia de assinatura de acordos de cooperação nas áreas de Ciência e Tecnologia, Defesa, Segurança Pública, Serviços Aéreos, Inteligência, Saúde e Medicina.
Bolsonaro também fará uma visita à unidade de Contraterrorismo da Polícia israelense e agraciará os militares que realizaram buscas em Brumadinho com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira. 
Na área econômica, além dos acordos, há expectativa de compra de tecnologia de dessanilização de água, ampliação da malha aérea entre Israel e Brasil (Israel mira o potencial evangélico no turismo religioso) e parceriais de segurança pública (o Brasil demonstrou interesse, por exemplo, em drones armados para o combate ao tráfico de drogas no Rio). 
Para a área de Saúde e Medicina, está previsto um plano de cooperação dos ministérios da Saúde do Brasil e de Israel de 2019 a 2022. 
O presidente Bolsonaro também visitará o Muro das Lamentações, participará do plantio de uma muda de oliveira no Bosque das Nações, visitará o Yad Vashem, Centro de Memória do Holocausto, e visitará a cidade de Raanana, onde há uma comunidade brasileira. 
Na área de tecnologia e inovação, o presidente vai participar de um café da manhã com CEOs de startups e visitará a Mobileye, subsidiária israelense da Intel que desenvolve carros autônomos. Também está previsto um jantar oferecido pelo Ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz, aos ministros brasileiros. 
Confira a programação da viagem oficial, que pode sofrer alterações 
SÁBADO, 30 DE MARÇO DE 2019

13:00 Partida de Brasília para Las Palmas
23:20 Chegada a Las Palmas - Escala técnica (1h30)

DOMINGO, 31 DE MARÇO

00:50 Partida de Las Palmas para Tel Aviv
10:00 Chegada a Tel Aviv 
10:05 Cerimônia Oficial de chegada
13:00 Almoço privado
17:00 Reunião privada com o Primeiro-Ministro de Israel
18:00 Cerimônia de assinatura de acordos nas seguintes áreas: Ciência e Tecnologia, Defesa, Segurança Pública, Saúde e da Medicina. 
19:10 Chegada à residência do Primeiro-Ministro
19:15 Declaração Conjunta à Imprensa (“Press Statement”), dos senhores Presidente Jair Bolsonaro e do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu
19:45 Jantar oferecido pelo Senhor Benjamin Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel
20:00 Jantar oferecido pelo Ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz, aos Ministros integrantes da delegação brasileira

SEGUNDA-FEIRA, 1º DE ABRIL

09:30 Visita à Unidade de Contraterrorismo da Polícia israelense
09:40 Demonstração de emprego da Unidade de Contraterrorismo da Polícia israelense
11:10 Visita à Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel
11:15 Cerimônia de condecoração da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel com a Insígnia da Ordem
Nacional do Cruzeiro do Sul
12:20 Almoço privado
16:50 Chegada ao Muro das Lamentações

TERÇA-FEIRA, 2 DE ABRIL

08:30 Café da manhã com CEOs de startups israelo-brasileiros
10:00 Cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Israel
10:50 Visita a exposição de produtos de empresas de inovação
11:40 Visita ao Centro Industrial Har Hotzvim e à Mobileye
12:30 Almoço com empresários
15:45 Visita ao Yad Vashem, Centro de Memória do Holocausto
15:50 Visita à Exposição “Flashes of Memory – Fotografia durante o Holocausto”
16:10 Cerimônia de oferenda floral
16:35 Visita ao Bosque das Nações
16:45 Cerimônia alusiva ao plantio de muda de oliveira no Bosque das Nações
19:00 Jantar privado

QUARTA-FEIRA, 3 DE ABRIL

09:30 Chegada à cidade de Raanana
09:40 Visita à comunidade de brasileiros estabelecida na cidade
11:20 Chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion
11:40 Partida de Tel Aviv para Las Palmas
14:50 Chegada a Las Palmas
16:20 Partida de Las Palmas para Brasília
20:40 Chegada a Brasília

    Amigo de Temer tentou esconder notebook debaixo do sofá

    Temer e o ex-ministro Moreira Franco
    Temer e o ex-ministro Moreira FrancoDida Sampaio/Estadão Conteúdo - 22.12.2016
    A força-tarefa da Lava Jato relatou ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio, que o empresário Vanderlei de Natale, amigo do ex-presidente Michel Temer (MDB) e também alvo da Operação Descontaminação, tentou ocultar um notebook no dia de sua prisão. O equipamento foi encontrado debaixo do sofá na casa de Natale.
    Outro alvo da investigação, coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, lançou mão da mesma estratégia para tentar despistar os investigadores ao ocultar dois celulares sob a almofada do sofá.
    O executivo foi denunciado nesta sexta (29), por suspeita de lavagem de dinheiro no esquema de propinas sobre as obras da usina nuclear de Angra 3, no Rio.
    Em cota da acusação formal, o Ministério Público Federal relata ao magistrado que no dia 21, data da prisão dos alvos da Descontaminação, 'foi identificada uma série de objetos materiais na casa' de Vanderlei de Natale, alvo também de mandado de busca e apreensão.
    Segundo os procuradores, alguns dos objetos 'poderiam ser de utilidade para a investigação'.
    "Dentre eles havia um notebook, marca Dell, cor prata, localizado no escritório do denunciado. Como se sabe, muitas vezes computadores pessoais são as melhores fontes de provas em investigações de crimes de colarinho branco, como a que se trata por trazerem documentos armazenados em sua memória", relatou o Ministério Público Federal.
    A Lava Jato relatou que a Polícia Federal havia identificado um computador em um escritório.
    Segundo o Ministério Público Federal, o equipamento 'foi retirado de lá por uma funcionária doméstica de Vanderlei de Natale, chamada Valdete, e escondido debaixo do sofá da casa, sendo encontrado pela equipe com a continuidade das buscas'.
    "Naturalmente, a funcionária Valdete, ao tentar dificultar a coleta de provas pela equipe não agia apenas em nome próprio, tendo sido provavelmente orientada por seu patrão, Vanderlei de Natale para tanto", avaliou a força-tarefa.
    "Há fortes indícios de tentativa de ocultação de provas de Vanderlei de Natale, com o auxílio de sua funcionária Valdete, da equipe policial que tinha mandado judicial específico para apreender estas mesmas provas, o que ensejaria, por si só, a decretação da prisão preventiva do denunciado, pela conveniência da instrução criminal."
    Entenda a denúncia contra Temer e seus aliados
    O Ministério Público Federal, no Rio, denunciou criminalmente nesta sexta-feira, o ex-presidente, o ex-ministro Moreira Franco e outros investigados por supostos desvios de R$ 18 milhões nas obras da usina nuclear de Angra 3.
    A Procuradoria da República apresentou duas acusações formais contra Michel Temer. Uma por corrupção e lavagem de dinheiro e outra por peculato e lavagem de dinheiro.
    Foram denunciados também o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, e suas filhas Ana Cristina da Silva Toniolo e Ana Luiza Barbosa da Silva Bolognani por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, em razão da manutenção em contas no exterior de valores que chegam a 15 milhões de francos suíços (quase R$ 60 milhões).
    Segundo a Lava Jato, os valores estão relacionados a atividades ilícitas.
    Na primeira denúncia, a força-tarefa da Lava Jato aponta que Temer, Moreira Franco, o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, Othon Luiz Pinheiro da Silva, Maria Rita Fratezi, José Antunes Sobrinho, Carlos Alberto Costa, Carlos Alberto Costa Filho, Vanderlei de Natale, Carlos Alberto Montenegro Gallo e Carlos Jorge Zimmermann cometeram crimes de corrupção passiva, peculato (apropriação de verbas públicas) e lavagem de dinheiro.
    Segundo os procuradores, os crimes envolvem a contratação irregular da empresa finlandesa AF Consult Ltd, da Argeplan e da Engevix para a execução do contrato de engenharia eletromecânico 01 da usina nuclear de Angra 3. Os denunciados teriam se apropriado de quase R$ 11 milhões dos cofres públicos.
    A Lava Jato afirma que nesses pagamentos foram realizadas lavagens de dinheiro por meio de pagamentos de empresas como a Construbase Engenharia, que repassava valores para a PDA Projetos, controlada pelo coronel Lima.
    Os investigadores registram que o beneficiário final era o ex-presidente. O almirante Othon e suas filhas são acusados por ocultação de R$ 60 milhões no exterior.
    Na segunda denúncia, Temer, Moreira Franco, coronel Lima, Othon Luiz Pinheiro da Silva, José Antunes Sobrinho, Maria Rita Fratezi, Carlos Alberto Costa, Carlos Alberto Costa Filho e Rodrigo Castro Alves Neves respondem pela contratação fictícia com a empresa Alumi Publicidades, como forma de dissimular o pagamento de propina de cerca de R$ 1,1 milhão.
    As denúncias serão analisadas pelo juiz Marcelo Bretas, que mandou prender Michel Temer, Moreira Franco e outros oito alvos da Descontaminação. Se o magistrado aceitar as acusações, o ex-presidente responderá a ações perante a Justiça Federal fluminense.
    Temer foi preso dia 21 quando saía de casa em São Paulo. O ex-presidente passou quatro dias recolhido na Superintendência da Polícia Federal do Rio em uma sala de 46m². Na segunda (25), o desembargador Ivan Athié, do TRF2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) mandou soltar o emedebista e outros sete alvos da Descontaminação.
    Entenda a Descontaminação
    A operação que levou o emedebista à prisão está ligada a uma investigação iniciada pela Procuradoria-Geral da República durante o período em que Michel Temer ainda estava na presidência. Após o fim do mandato e a perda do foro privilegiado, o inquérito foi transferido para a Lava Jato Rio.
    De acordo com o Ministério Público Federal, para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01, a Eletronuclear contratou a empresa AF Consult Ltd, que se associou às empresas AF Consult do Brasil e Engevix. Controlam a empresa AF Consult do Brasil a finlandesa AF Consult Ltd e a Argeplan, que tem como um dos sócios o coronel Lima.
    A Lava Jato aponta que a AF Consult do Brasil e a Argeplan não tinham pessoal e expertise suficientes para a realização dos serviços e, por isso, houve a subcontratação da Engevix, que era a responsável por executar de fato o serviço. No curso do contrato, destaca a Lava Jato, o coronel Lima solicitou ao sócio da Engevix o pagamento de propina em benefício de Michel Temer.
    As investigações identificaram que que os pagamentos feitos à AF Consult do Brasil envolveram a apropriação de R$ 10,859 milhões dos cofres públicos. Segundo a Lava Jato, os pagamentos eram 'totalmente indevidos', porque a empresa não possuía capacidade técnica nem pessoal para a prestação dos serviços para os quais foi contratada.
    Também são parte da mesma denúncia atos de lavagem de dinheiro por meio da transferência de mais de R$ 14 milhões através de contratos fictícios entre a Construbase, de Vanderlei de Natale, e a PDA Projetos, de Coronel Lima. A mesma denúncia também relatou uma ocultação de cerca de R$ 60 milhões em contas na Suíça pelo almirante Othon Pinheiro e suas filhas.
    A segunda denúncia trata da propina paga pela Engevix no final de 2014, através de transferências, de cerca de R$ 1,091 milhão por meio da empresa Alumi Publicidades.
    Para justificar as transferências de valores, foram simulados contratos de prestação de serviços da empresa PDA Projetos, controlada por Coronel Lima, para a empresa Alumi, sem a prestação dos serviços correspondentes.
    A Lava Jato destaca que o empresário que pagou a propina afirma ter prestado contas de tal pagamento para o coronel Lima e também para Moreira Franco.
    Com a palavra, o criminalista Fernando José da Costa, que defende Vanderlei de Natale
    "A defesa de Varderlei, representada por Fernando José da Costa, recebeu com surpresa e indignação a denúncia contra Vanderlei por peculato, crime praticado por funcionário público, por valores recebidos da Eletronuclear, primeiro porque nunca foi funcionário público e segundo porque nunca prestou servições à Eletronuclear ou recebeu dela qualquer valor.
    Da mesma forma contesta veementemente a denúncia por lavagem, primeiro porque não recebeu valores das empresas do Lima, pelo contrário, depositou valores nesta conta e segundo porque tais fatos, segundo decisão do Ministro Barroso, do STF, devem ser apurados pela justiça de São Paulo.
    Sobre recurso ou novo pedido de prisão, apesar de entendermos inexistir elementos que o justifiquem, espera-se que ao menos individualize as condutas de cada um e não se pleiteie prisão em bloco.
    Sobre uma lamentável afirmação da força-tarefa do Rio de que Vanderlei escondeu um notebook embaixo de um sofá com a ajuda de uma funcionária, como é de conhecimento destes Procuradores, Vanderlei não se encontrava na empresa, nem em sua casa quando soube da busca e apreensão, assim, como alguém que não se encontra no local de uma busca e apreensão pode esconder algo? Melhor seria se a força-tarefa explicasse o envio de documentos sigilosos à mídia colhidos na casa de Vanderlei, que incidem na prática de crime de violação de sigilo funcional."
    Com a palavra, o criminalista Eduardo Carnelós, defensor de Temer
    "Foi um show de horrores a coletiva hoje [sexta, 29] do Ministério Público Federal para anunciar e 'explicar' as duas denúncias apresentadas contra Michel Temer.
    Repetiu o processo midiático do dia em que foi preso o ex-Presidente.
    Como se dá com as acusações que não se sustentam em nenhum elemento idôneo, mas apenas em suposições e na débil palavra de delatores, essas aleivosias lançadas partem da falsa premissa de que seria ilícito qualquer contato mantido entre Temer e Moreira Franco, uma relação que nada tem de ilegal ou ilegítima.
    São ambos quadros importantes do MDB, sendo Temer o seu presidente licenciado, e Moreira o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, e é absolutamente natural que mantenham contatos frequentes, sem que isso indique alguma atitude escusa.
    Mais uma vez, pretende-se tornar criminosa a prática política no Brasil, o que é inadmissível!
    Quanto às denúncias, cujo conteúdo foi divulgado à imprensa antes de estar disponível aos advogados, nos autos - o que já se tornou costume abjeto nessas ações pirotécnicas -, elas não têm nenhum fundamento sério, e insistem em versões fantasiosas, como a de que Temer teria ingerência nos negócios realizados por empresa que nunca lhe pertenceu.
    A partir disso, constrói-se uma tese acusatória completamente dissociada da realidade, usando-se, inclusive, fatos que são objeto de outros feitos.
    Conviria que, com muita urgência, as autoridades que insistem em tratar Michel Temer como inimigo público passassem a respeitar a Constituição e o ordenamento jurídico, e encontrassem ao menos um pouco de senso do ridículo!"
    Eduardo Carnelós
    Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, defensor de Moreira Franco
    "A denúncia reproduz a versão do delator Antunes Sobrinho. Além disso, a narrativa do Ministério Público não se atém aos fatos da delação, incluindo ilações sem qualquer respaldo probatório. As imputações apresentadas serão afastadas no curso do processo."
    Fernando Fernandes, que defende Othon Luiz Pinheiro
    Fernando Fernandes, advogado que representa Othon Pinheiro e as duas filhas do militar da reserva, afirmou ontem que estava fora do Brasil. Disse ainda que não vai se manifestar "até acesso integral" à acusação.

    Governo Bolsonaro: os riscos e oportunidades para o Brasil na aproximação inédita com Israel

    Em foto de dezembro, Bolsonaro cumprimenta Benjamin Netanyahu e sua mulher em visita do premiê ao Rio; agora, é o brasileiro quem viaja a Israel
    Em foto de dezembro, Bolsonaro cumprimenta Benjamin Netanyahu e sua mulher em visita do premiê ao Rio; agora, é o brasileiro quem viaja a IsraelGetty Images
    O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, chega neste domingo a Jerusalém para uma visita de quatro dias que marca uma aproximação inédita entre Brasil e Israel. É a primeira vez que um mandatário do Brasil prestigia o país com uma viagem oficial logo no início do seu mandato.
    O roteiro dele, porém, não prevê visitas a cidades palestinas ou países árabes, como ocorreu com Lula em 2010, na única visita de um presidente brasileiro ao país no exercício do cargo.
    Enquanto o governo Bolsonaro anuncia que esse estreitamento de laços trará parcerias positivas em áreas como tecnologia, cibersegurança e defesa, críticos da guinada diplomática falam em riscos ao importante comércio brasileiro com os países árabes e islâmicos, e em uma redução da relevância do Brasil na diplomacia internacional.
    A viagem é cercada de expectativa e tensão devido à promessa de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, reconhecendo, assim, a cidade milenar como capital israelense.
    Tal decisão confrontaria recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas) e a posição da grande maioria dos países que entendem que Jerusalém - hoje controlada por Israel - deve ser capital de dois Estados, um israelense e um palestino.
    Por causa disso, quase todos os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv - as exceções são Estados Unidos, que por decisão do presidente Donald Trump transferiu sua representação diplomática para Jerusalém em maio, e a Guatemala, que seguiu os americanos poucos dias depois.
    No Brasil, a mudança é apoiada principalmente por lideranças evangélicas que consideram Israel uma nação sagrada e acreditam que o Brasil será "abençoado" caso reconheça Jerusalém como capital. No entanto, devido à resistência da ala militar do governo e do setor agropecuário, a transferência deixou de ser dada como certa e entrou "em estudo".
    Bandeira de Israel tremula no Monte das Oliveiras com a Cidade Velha de Jerusalém ao fundo
    Bandeira de Israel tremula no Monte das Oliveiras com a Cidade Velha de Jerusalém ao fundoAFP
    Por enquanto, um cenário mais provável é Bolsonaro anunciar a abertura de "um escritório de negócios" na cidade milenar, alternativa que o presidente já admitiu estar em análise. Jornais de Israel já falam em tom de frustração sobre o recuo acerca da transferência da embaixada.
    Ainda assim, essa possibilidade não pode ser completamente descartada, avalia Guilherme Casarões, professor de relações internacionais da FGV e especialista em Oriente Médio.
    "A mudança da embaixada continua em disputa dentro do governo. A relação com Israel é questão prioritária para dois grupos, evangélicos e olavistas (seguidores de Olavo de Carvalho, como o chanceler Ernesto Araújo), que veem essa aproximação como fundamental para salvar a civilização judaico-cristã ocidental das garras do globalismo marxista cultural", ressalta Casarões.
    "Já a área econômica e ruralista teme o impacto comercial, enquanto os militares se preocupam também com a tradição da diplomacia brasileira", analisa.
    Lideranças evangélicas ouvidas pela BBC News Brasil se mostraram pouco otimistas com os resultados da viagem. A pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Brasil-Israel, questionou inclusive a decisão de visitar o país a poucos dias da eleição parlamentar israelense, marcada para 9 de abril, cujo resultado poucos analistas se atrevem a prever.
    Na sua leitura, Bolsonaro vai em apoio ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que busca se manter no poder. O israelense, por sua vez, prestigiou Bolsonaro com longa visita ao Brasil na ocasião da posse presidencial, quando arrancou uma promessa de transferência da embaixada.
    Filha de Trump, Ivanka, apresenta cerimônia de inaguração da embaixada americana em Jerusalém
    Filha de Trump, Ivanka, apresenta cerimônia de inaguração da embaixada americana em JerusalémReuters
    "É excelente estreitar laços com Israel, mas, se não for para anunciar a mudança da embaixada, não justifica a pressa (da visita). O momento é muito delicado para sair do Brasil por causa da reforma da Previdência", disse Silva. "O meio evangélico está muito frustrado. Ele devia anunciar a data (da mudança da embaixada), ou vai ficar como semeador da mentira."
    Acordos com Israel x riscos econômicos
    As informações preliminares são de que o presidente terá compromissos em Jerusalém e Tel Aviv e fará também um roteiro religioso, ainda não detalhado.
    Bolsonaro terá reunião com Netanyahu, participará de um evento com cerca de 200 empresários brasileiros e israelenses, e visitará o memorial às vítimas do holocausto Yad Vashem. A expectativa é de que serão assinados acordos bilaterais para cooperação nas áreas de ciência e tecnologia, defesa, segurança pública, saúde e aviação civil.
    "Não é um mercado grande em termos numéricos, mas tem muito a oferecer ao Brasil em tecnologia, cooperação com universidades. Israel é vanguarda em cibersegurança, por exemplo", afirma o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg, ao defender os benefícios da visita.
    Já na balança comercial, Israel não está entre os principais parceiros brasileiros. As trocas com o país não chegam a 1% do comércio exterior brasileiro e o Brasil compra mais do que vende (déficit de US$ 847,8 milhões em 2018).
    Por outro lado, países árabes e o Irã respondem por quase 6% de todas as exportações brasileiras e cerca de 10% das exportações do setor agropecuário do Brasil. Em 2018, as trocas com países de maioria islâmica somaram US$ 22,9 bilhões, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A balança é favorável ao Brasil em US$ 8,8 bilhões.
    Tanto a Liga Arábe, que representa 22 nações, como países do grupo isoladamente já manifestaram ao Itamaraty seu incômodo com intenção de mudar a embaixada em Israel.
    Uma possível reação preocupa especialmente o setor agropecuário, já que os países de maioria islâmica recebem cerca de 70% de todas as exportações brasileiras de açúcar (somados o refinado e o bruto) e 46% do milho em grãos, conforme dados levantados pela BBC News Brasil junto ao MDIC.
    A carne halal segue as regras de abate do Islã
    A carne halal segue as regras de abate do IslãAFP
    O Brasil é também o maior exportador de carne halal, que segue as regras de abate da lei islâmica e tem um mercado consumidor potencial de 1,8 bilhão de muçulmanos.
    O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, reconhece que não seria fácil para os países árabes substituírem essas compras, o que afasta o risco de um "comprometimento imediato" do comércio. No entanto, ele teme que a nova linha diplomática do Brasil mine aos poucos as exportações brasileiras.
    Encolhimento diplomático?
    Enquanto a transferência da embaixada para Jerusalém segue em discussão, a guinada diplomática promovida pelo novo governo já teve efeitos concretos quando o Brasil, na semana passada, alterou seu posicionamento histórico em votações sobre Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
    Na ocasião, o Brasil votou contra uma resolução que tratava de violações de direitos humanos de cidadãos sírios que vivem nas colinas de Golã, região que Israel capturou da Síria na Guerra dos Seis Dias, em 1967. O documento foi aprovado com 26 votos a favor, 16 contrários e cinco abstenções. O país se opôs também a outra resolução que criticava Israel por violações cometidas nos territórios palestinos, em especial durante o conflito na faixa de Gaza em 2014.
    Foto de 2017 mostra uma bandeira de Israel sobre tanque nas Colinas de Golã, com vista para a fronteira com a Síria; Brasil alterou posicionamento histórico sobre disputa
    Foto de 2017 mostra uma bandeira de Israel sobre tanque nas Colinas de Golã, com vista para a fronteira com a Síria; Brasil alterou posicionamento histórico sobre disputaAFP
    Lottenberg, presidente da Conib, considera que essa decisão é ainda mais relevante que a transferência de embaixada. Na sua avaliação, o governo Bolsonaro está corrigindo um viés contrário a Israel que havia na política externa brasileira.
    "A diplomacia brasileira, principalmente na época do Celso Amorim (chanceler do governo de Luiz Inácio Lula da Silva), ficou sequestrada pelo tema do conflito (com palestinos)", critica.
    "A posição no Conselho da ONU é injusta com Israel. É o único país que tem uma agenda permanente (de resoluções críticas) nesse conselho. Ter que ouvir o representante da Síria (país que atravessa há seis anos uma guerra civil) falar de violação de direito internacional é uma piada de mau gosto."
    Casarões, da FGV, afirma que o Brasil tem uma longa tradição de equidistância no conflito árabe-israelense e destaca a boa relação mantida com Israel durante o governo Lula. Na sua avaliação, o governo israelense teve responsabilidade na piora da relação durante a Presidência de Dilma Rousseff quando insistiu em indicar como embaixador no Brasil o colono Dani Dayan, ex-líder de assentamentos judaicos na Cisjordânia, nome que foi rejeitado.
    Para a professora de História Árabe da Universidade de São Paulo (USP) Arlene Clemesha, a aproximação de Bolsonaro com Israel não se resume a uma mudança na diplomacia brasileira para o Oriente Médio, mas se insere numa transformação mais ampla de "alinhamento" com os Estados Unidos e outros países com governos "populistas de direita", como Hungria e Itália.
    "A posição do Brasil no mundo é uma construção lenta. O Itamaraty, desde o governo Fernando Henrique, vem construindo uma maior autonomia do Brasil no mundo. Para ter voz independente, tem que ter conhecimento das principais questões internacionais, um histórico de posicionamentos", ressalta a professora.

    Mega-Sena promete sortear R$ 10 milhões hoje

    Prêmio do concurso número 2.138 está acumulado
    Prêmio do concurso número 2.138 está acumuladoCaixa Econômica Federal
    A Mega-Sena promete sortear R$ 10 milhões neste sábado (30) no concurso número 2.138. O prêmio está acumulado, porque nenhum apostador cravou os seis números do bilhete no último sorteio (2.137), realizado na quarta-feira (27). 
    Houve 45 apostas ganhadoras da quina, sendo que cada uma delas levou R$ 36.544,41 para casa. Outras 4.488 apostas acertaram quatro números do bilhete, faturando R$ 523,45 cada. 
    Veja as dezenas sorteadas no concurso número 2.137:
    01 — 02 — 11 — 12 — 34 — 49
    Como apostar?
    Para concorrer ao prêmio de R$ 10 milhões deste sábado, basta ir a uma casa lotérica e marcar de 6 a 15 números do volante, podendo deixar que o sistema escolha os números para você (Surpresinha) e/ou concorrer com a mesma aposta por 2, 4 ou 8 concursos consecutivos (Teimosinha).
    Cada jogo de seis números custa R$ 3,50. Quanto mais números marcar, maior o preço da aposta e maiores as chances de faturar o prêmio mais cobiçado do País.
    Outra opção é o Bolão Caixa, que permite ao apostador fazer apostas em grupo. Basta preencher o campo próprio no volante ou solicitar ao atendente da lotérica. Você também pode comprar cotas de bolões organizados pelas lotéricas.
    Nesse caso, poderá ser cobrada uma Tarifa de Serviço adicional de até 35% do valor da cota. Na Mega-Sena, os bolões têm preço mínimo de R$ 10. Porém, cada cota não pode ser inferior a R$ 4. É possível realizar um bolão de no mínimo 2 e no máximo 100 cotas.
 

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