De acordo com o Ministério Público do DF, os militares cobravam dinheiro dos motoristas para que eles não fossem autuados
Denúncia feita pela Auditoria Militar aponta cinco policiais militares do Distrito Federalcomo integrantes de uma organização criminosa. Segundo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o grupo cobrava propina de motoristas do transporte pirata nas regiões do Paranoá e Itapoã. Em contrapartida, deixavam de autuar os condutores e proprietários dos veículos irregulares.
Os militares Nelimar Nunes de Sousa, Ricardo Wagner Borges Caland, Fernando Nonato da Silva, Valdemir Quirino dos Santos e Leandro Gomes da Silva faturavam até R$ 30 mil por mês com a prática criminosa, ainda segundo o MP. A denúncia feita pela promotoria será analisada pela Justiça.
Como forma de coagir os loteiros, a organização criminosa também reforçava a fiscalização em relação àqueles que não aderiam ao pagamento da propina, criando profundos embaraços à atividade, retendo documentos por tempo prolongado e aplicando diversos autos de infração de trânsito "
O promotor detalha, ainda, que as provas colhidas e as interceptações telefônicas feitas durante a investigação revelaram que, além dos policiais militares denunciados, o líder da organização criminosa, major Nelimar de Sousa, recrutou os civis: Luiz Marcos Rodrigues Saúde, Evandro Nascimento da Silva, Gilmar Braga Damasceno, Mário Pereira Neves, Mauro Edson Alves da Silva, Ronaldo Ferreira da Silva, além de Fábio e Lívio, identificados apenas pelo primeiro nome.
Eles agiam como intermediários junto aos “loteiros” para arrecadação de dinheiro, ao qual eram pagos em torno de R$ 150 por semana, por veículo. Os que pagavam a propina circulavam livremente sem sofrer qualquer abordagem policial.
Os civis são investigados pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil do DF. Diante dos fatos, o MPDFT pediu a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos denunciados, no período de 2016 a 2018.
Prisão
Em setembro de 2018, o Metrópoles revelou a prisão dos cinco militares. A Corregedoria-Geral da PM foi responsável por os mandados de prisão temporária após diligência iniciada pelo próprio órgão de correição em março de 2017.
Em setembro de 2018, o Metrópoles revelou a prisão dos cinco militares. A Corregedoria-Geral da PM foi responsável por os mandados de prisão temporária após diligência iniciada pelo próprio órgão de correição em março de 2017.
O major Nelimar Nunes de Sousa, os três sargentos Ricardo Wagner Borges Caland, Fernando Nonato da Silva, Valdemir Quirino dos Santos e o soldado Leandro Gomes da Silva foram encaminhados à Papudinha, ala que abriga policiais presos no Complexo Penitenciário da Papuda. Eles podem responder por concussão, crime praticado por funcionário público. Se condenados, podem pegar de 2 a 8 anos de cadeia.
“Piratas do Asfalto”O envolvimento de policiais militares com o transporte pirata foi tema de uma reportagem especial do
Metrópoles. A reportagem apurou que, em 2015, o setor paralelo contava com mais de 10 mil veículos, que movimentavam R$ 3 milhões por dia.
Metrópoles. A reportagem apurou que, em 2015, o setor paralelo contava com mais de 10 mil veículos, que movimentavam R$ 3 milhões por dia.
O texto detalha que, com a ajuda dos PMs, os motoristas de transporte irregular tinham acesso às rotas de fiscalização, assim que as ordens de serviço começam a circular entre as equipes. Denúncias feitas à reportagem por militares apontam o envolvimento de colegas. Um dos acusados, inclusive, receberia R$ 1 mil de cada veículo ilegal para garantir “proteção” ao avisar sobre barreiras policiais ou fazer “vista grossa”.
Os PMs denunciados pelo MPDFT respondem ao processo em liberdade. Mas não estão nas ruas. Cumprem tarefas administrativas e estão proibidos de entrar em contato uns com os outros.
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