Pedro do Coutto
No final da tarde de quinta-feira, matéria divulgada pela Globonews,acentuava pontos que a equipe econômica do governo julga fundamentais para atingir a estratosfera de redução em torno de 1 trilhão de reais ao longo de 10 anos, como resultado da reforma da Previdência, se aprovada pela Câmara dos Deputados. Mas trata-se de emenda constitucional, considerando-se que, além da Câmara, terá que ser aprovada pelo Senado em duas votações de quórum qualificado.
INSPIRAÇÃO – O título deste artigo está inspirado numa frase clássica deixada pelo célebre senador Benedito Valadares, que também governou Minas Gerais, e pelos pensamentos do mestre da psicanálise Carl Jung.
Valadares era um conservador, mas teve o mérito de nomear Juscelino Kubitschek prefeito de Belo Horizonte. Foi a decolagem para o impulso reformista daquele político que anos depois foi eleito presidente da República.
TUDO SIGILOSO – A exposição de motivos destinada a esclarecer a Câmara Federal quais os caminhos para obter tão gigantesca redução de custos, na verdade, não esclareceu coisa alguma. Limitou-se a repetir na tela colorida quais os pontos a serem atingidos. Mas aí tornou-se uma ficção. Foram destacados os pontos com as incidências dos cortes e seu montante. Porém, nada esclareceu quanto a forma de alcançar o montante idealizado.
Ou seja, o governo Bolsonaro continua devendo à opinião pública os caminhos a serem percorridos para iluminar os resultados previstos.
Rogério Marinho, Secretário de Previdência Social e também integrante da equipe de Paulo Guedes, limitou-se a repetir pronunciamentos anteriores onde convivem a ficção mágica e a realidade concreta. A comunicação fracassou, é claro, não se dizia coisa com coisa.
TELA DESFOCADA – Reportagem de Geralda Doca e Manoel Ventura, edição de ontem de O Globo, destaca o desfoque da tela exibida. Não adiantou citar as estradas sociais a serem percorridas pelo Palácio do Planalto. O secretário Marinho ressaltou que o princípio predominante da reforma é fazer com que os que ganham mais paguem mais, os que ganham menos paguem menos.
A frase é uma ilusão, como o sonho que embala até hoje “O Mágico de Oz”, grande sucesso no cinema. Se os que ganham mais devem pagar mais, logicamente as empresas deveriam pagar mais do que os empregados para o universo do INSS. Mas Guedes insiste em poupar as empresas.
Enquanto isso, na decolagem da reforma, uma decisão do Supremo que custará quase 50 bilhões de reais por ano no subsídio à Zona Franca de Manaus. O Supremo, na realidade, apenas referendou um projeto do governo Federal, que faz bondade com pessoas jurídicas e maldades com pessoas físicas.
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