domingo, 21 de julho de 2019

Piada do Ano! E os chefes militares, como estarão avaliando o governo de Jair Bolsonaro?

 

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Charge do Mariano (Arquivo Google)
Carlos Newton
Quando o deputado federal Jair Bolsonaro lançou sua candidatura à Presidência, ninguém esperava sua vitória. O capitão nem tinha legenda. Era filiado ao PSC (Partido Social Cristão), presidida pelo pastor Everaldo Dias Pereira, um dos principais líderes da Assembleia de Deus, comandada pelo bispo Manuel Ferreira, que desde a década de 80 mantém um pé na política e participou da aliança que elegeu Fernando Collor em 1989 pelo PRN. Na época, o PSC nem tinha registro definitivo.
Na esperança de garantir a legenda do PSC e os votos evangélicos, em 11 de maio de 2016 Bolsonaro foi batizado no Rio Jordão, em Israel, pelo próprio pastor Everaldo, com toda pompa. No ano seguinte, 2017, quando Bolsonaro começou a percorrer o país, o PSC negou legenda ao capitão, que iniciou campanha assim mesmo, sem ter partido a apoiá-lo.
SEM LEGENDA – No ano seguinte, quando se aproximou a data de inscrição dos candidatos, Bolsonaro já aparecia nas pesquisas, mas ainda buscava uma legenda de porte médio para se candidatar, e nenhum partido de porte o aceitou.
No desespero, partiu para os nanicos e conseguiu apoio do PEN (Partido Ecológico Nacional), que até aceitou se chamar Patriota, para atrair votos do militares e nacionalistas. Mas houve muita briga interna, Bolsonaro não assinou a ficha de filiação, ficou à deriva. 
Faltavam poucos dias para a data-limite quando embarcou na canoa do PSL (Partido Social Liberal), presidido por um deputado de carreira nebulosa, Luciano Bivar, que aceitou transferir a presidência ao advogado Gustavo Bebianno, indicado por Bolsonaro, e a campanha decolou.
AINDA SEM CHANCES – As pesquisas indicavam que o capitão tinha chance de passar para o segundo turno, mas não ganharia de nenhum dos principais candidatos. Até o tucano Geraldo Alckmin conseguiria derrotá-lo…
Mas o inesperado criado por Johnny Alf fez uma surpresa, houve o atentado a faca e o quadro mudou. Os militares, liderados pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, apoiaram o capitão, os outros partidos dividiam os votos restantes, Ciro Gomes (PDT) não decolou e Bolsonaro ganhou fácil do poste petista Fernando Haddad.
Qualquer astrólogo tipo Olavo de Carvalho diria que ocorreu uma estranha conjunção astral, abriu-se um polo de magnetismo favorável. Mas o fato é que Bolsonaro conquistou os votos da “maioria silenciosa”, que Richard Nixon identificara como explicação para vitória surpreendente de candidato desprezado nas pesquisas.
GOVERNO RUIM – Já se passaram os 200 dias e o balanço é altamente negativo, porque não existe plano de governo. A reforma da Previdência, por enquanto, continua a ser uma incógnita. A economia não reage, o desemprego é um desafio, embora a Bolsa esteja batendo todos os recordes. Os profissionais sabem que o índice Bovespa logo vai despencar, porque o valor das ações já supera o patrimônio líquido das companhias e não há novos investidores externos, mas quem se interessa?
Julgava-se que Bolsonaro iria ouvir os militares. Ele chegou a fazer isso, mas o poder embriaga, o presidente passou a desconfiar de tudo, acha que há um complô para derrubá-lo, quando a conspiração é feita por ele, que sabota sua administração ao deixar de ouvir os militares.
Já demitiu intempestivamente dois amigos íntimos. O primeiro foi Bebiano, derrubado por intrigas dos filhos de Bolsonaro. Bolsonaro percebeu que tinha errado, mas era tarde demais para recuar. Depois, demitiu seu velho amigo Santos Cruz, que estaria liderando a “conspiração” contra o presidente, denunciada pelo filho Carlos Bolsonaro, o Zero Dois.
ERA UMA FRAUDE – A denúncia contra Santos Cruz era falsa. Forjaram uma mensagem que teria sido transmitida por ele, Bolsonaro acreditou, mas no horário da mensagem o ministro estava num avião na Amazônia, impossibilitado de usar a internet.
Depois desses dois episódios envolvendo amigos de Bolsonaro, quem pode confiar no presidente? O ambiente no Planalto é sinistro. O chefe do governo desligou-se da ala militar, comanda o governo pateticamente, não diz coisa com coisas, suas declarações são primitivas e infantis. Está mais do que evidente que não tem equilíbrio emocional para dirigir nada.
Surge então, mais uma Piada do Ano! E os chefes militares, como estarão avaliando o governo de Jair Bolsonaro? Não é nem preciso perguntar. O semblante do líder deles, o general Augusto Heleno, chega a ser patibular. E o porta-voz, general Rego Barros, está cada vez mais desconfortável na função.
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P.S.
 1 – Eu daria tudo que pudesse para ouvir o que os generais do Planalto conversam entre si, na ausência de Bolsonaro.
P.S. 2 – Os militares usam a expressão “tríplice coroado” para designar quem se destaca na carreira, como primeiro colocado na Academia, Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Comando e Estado Maior. É o caso do general Heleno, por exemplo. Quanto ao capitão Bolsonaro, é um “tríplice traidor”, porque está conseguindo trair os militares, trair a si mesmo e trair a nação. (C.N.)

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