segunda-feira, 2 de março de 2020

Após 13 dias de paralisação, policiais militares do Ceará encerram motim

 

Representantes aceitaram acordo que prevê punições menos pesadas
Marcelo Toledo
Folha
Depois de uma paralisação que durou 13 dias, policiais militares do Ceará decidiram encerraram na noite deste domingo, dia 1º, o motim e aceitaram voltar às ruas a partir desta segunda-feira, dia 2. Representantes dos policiais e do governo cearense fizeram um acordo que prevê punições menos pesadas aos amotinados que participaram do movimento.
Não está prevista anistia, o que era um dos principais pedidos da categoria. A Folha confirmou a informação com representantes de policiais nas negociações. O movimento dos policiais militares teve início dia 18, o que fez explodir a criminalidade no estado nos dias seguintes. No dia anterior ao início da paralisação, o estado tinha registrado cinco crimes violentos. A média diária saltou para 28 nos dias seguintes, com mais de uma morte por hora.
ACÚMULO DE TRABALHO – Entre o dia 19 e o dia 24 foram registrados 170 assassinatos no Ceará. Depois, o estado decidiu não divulgar mais os dados. Alegou que a divulgação ocorria de forma extraordinária e que o setor responsável voltaria ao trabalho habitual de consolidar os números mensais e que, com o fim do Carnaval, havia um acúmulo de trabalho no setor de estatística.
A negociação entre a comissão formada pelos três Poderes do Ceará e os policiais militares travou na sexta-feira, dia 28, quando o governo do estado rejeitou anistiar os policiais paralisados. Era uma das 18 reivindicações dos policiais enviadas no dia anterior.
NOVA PROPOSTA – Uma nova proposta foi feita pela comissão e apresentada à categoria, que a levou a votação na noite deste domingo e foi aprovada pelos policiais. Em meio à crise, o presidente Jair Bolsonaro tinha decidido prorrogar até a próxima sexta-feira, dia 6, a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que autoriza o emprego das Forças Armadas e da Força Nacional para reforçar a segurança do Ceará.
Nas redes sociais, o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) comemorou o fim do motim. “Recebo com satisfação a notícia sobre o fim da greve dos policiais no Ceará. O Governo Federal esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível dentro dos limites legais e do respeito à autonomia do Estado”, afirmou Moro.

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