Artista estava internado desde 10 de abril com infecção urinária e pneumonia leve, provocada pela covid-19. Quadro se agravou e compositor não resistiu
- MÚSICA
Helder Maldonado, do R7, com Estadão Conteúdo
Aldir Blanc morreu aos 73 anos no Rio de janeiro
Alaor Filho/Estadão Conteúdo
Morreu nesta segunda-feira (4) o compositor, escritor e cantor Aldir Blanc, aos 73 anos. Ele estava internado no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro, e não resistiu à covid-19.
O artista estava internado em desde o dia 10 de abril, quando deu entrada na Coordenação de Emergência Regional (CER) do Leblon, no Rio de Janeiro, e ficou no aguardo de uma vaga de UTI.
Após a família realizar uma campanha para levantar fundos e conseguir transfêri-lo para um leito de terapia intensiva na rede privada na noite do dia 14, Aldir continuou o tratamento e aguardou um teste para saber se havia ou não contraído o novo coronavírus. No entanto, o músico não resistiu à doença.
Nascido em 2 de setembro no Rio de Janeiro, Aldir Blanc Mendes é formado em medicina com especialização em psiquiatria. No entanto, ele largou a carreira na área da saúde para se dedicar exclusivamente à música e à literatura em 1973, quando já se destacava como um dos principais autores de MPB no período.
Aldir e João Bosco, um dos principais parceiros do compositor
Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Na carreira, ficou conhecido por hits como Dois Pra Lá, Dois Pra Cá e O Bêbado e o Equilibrista (Elis Regina), A Viagem (Roupa Nova), O Mestre Sala dos Mares (João Bosco), Kid Cavaquinho (João Bosco), Resposta ao Tempo (Nana Caymmi), entre outros.
Aldir também teve participação destacada nos festivais dos anos 1960 e 1970. Recém-formado em medicina, em 1968 ele compôs com Sílvio da Silva Júnior A Noite, A Maré e o Amor, música classificada no III Festival Internacional da Canção (TV Globo).
No ano seguinte, ele classificou mais três músicas no II Festival Universitário da Música Popular Brasileira: De Esquina em Esquina (com César Costa Filho), interpretada por Clara Nunes; Nada Sei de Eterno (com Sílvio da Silva Júnior), defendida por Taiguara; e Mirante (com César Costa Filho), interpretada por Maria Creuza.
Aldir se destacou também como escritor
Alaor Filho/Estadão Conteúdo
Em 1970, no V Festival Internacional da Canção classificou-se com a composição Diva (com César Costa Filho). Neste mesmo ano, despontou seu primeiro grande sucesso, Amigo é Pra Essas Coisas, em parceria com Sílvio da Silva Júnior, interpretado pelo grupo MPB-4, com o qual participou do III Festival Universitário de Música Popular Brasileira.
Aldir também ficou conhecido pela suas paixões pelo Vasco da Gama e pelo Acadêmicos do Salgueiro, escola de samba homenageada com a música Lua Sobre o Sangue.
Como intérprete da própria obra, Aldir lançou 4 discos. O artista ainda teve participações como colunista nos jornais O Dia, O Estado de S. Paulo e o Globo.
Em 2010, seria a vez do musical Era no Tempo Rei. Baseado no romance homônimo de Ruy Castro, o musical contou com trilha sonora composta por Aldir Blanc e Carlos Lyra.
Aldir também gravou quatro discos como cantor
Fábio Motta/Estadão Conteúdo
No documentário Dois Pra Lá, Dois Pra Cá, de 2004, foi traçada a trajetória do escritor através de suas letras, de sua luta pelo direito autoral e suas paixões pelo clube carioca Vasco da Gama e a Escola de Samba Salgueiro.
Como escritor, Aldir lançou principalmente livros de crônicas, como Rua dos Artistas e Arredores (Ed. Codecri, 1978); Porta de Tinturaria (1981), Brasil Passado a Sujo (Ed. Geração, 1993); Vila Isabel - Inventário de Infância (Ed. Relume-Dumará, 1996), e Um Cara Bacana na 19ª (Ed. Record, 1996).
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