A provável indicação de Kássio Nunes Martins, desembargador junto ao TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), mobiliza políticos piauienses de norte a sul. Muitos festejam, independente do partido. Mas quem ganhará realmente com sua nomeação, pelo presidente Jair Bolsonaro, se ocorrer, será o governador Wellington Dias (PT). Kássio Nunes é um velho amigo do chefe do Executivo piauiense, haja vista que foi indicado ao cargo pelo governador.
Desembargador Kássio Nunes indicado pelo PT
Nomeado pela presidente Dilma Roussef (PT), em 2011, ele passou pela única sabatina de Wellington e contou, ainda, com anuência de Wilson Martins (PSB), seu primo e que era governador na época. O compadrio no Piauí sempre fala mais alto. Isso, talvez, justifique a decisão de Nunes em face de empréstimos irregulares que estavam sendo conduzidos pelo governo, em 2018.
Aquele foi o ano da eleição mais estranha de que se tem notícia na história do estado. O governador petista enfrentou dificuldades para liberar recursos de empréstimos junto à Caixa Econômica. Ele havia criado um programa chamado Finisa (Financiamento da Infraestrutura) com o qual alavancou seus projetos políticos junto a prefeitos e lideranças municipais e estaduais.
O Finisa I compreendia valores de R$ 620 milhões em duas parcelas. O governo recebeu a primeira parcela de R$ 307 milhões e não conseguiu autorização do corpo técnico da Caixa para liberar os valores da segunda parcela. Tudo porque os técnicos identificaram que as prestações de contas teriam sido adulteradas em aproximadamente R$ 270 milhões – os documentos apresentados não conferiam com o material supostamente realizado.
O governo então apelo ao ministro Edson Facchin para liberar o Finisa II, no valor de R$ 300 milhões, em 30 de maio de 2018, e somente em 2019, conseguiu liberar os valores da segunda parcela do Finisa I, ainda assim contando com o auxílio do desembargador Kássio Nunes, que é piauiense de Teresina e passou antes pelo TRE/PI (Tribunal Regional Eleitoral). Nunes estava cotado para assumir vaga no STJ.
Kássio Nunes liberou não apenas R$ 300 milhões para as supostas obras de recuperação e construção de rodovias. Obras que nunca se realizaram. O ministro não conferiu – certamente a lei lhe confere poderes para esse tipo de decisão. Ele também garantiu a liberação de recursos do Fundeb (Fundo de desenvolvimento da Educação Básica) no montante de R$ 1,5 bilhão. Com esta liberação, o governador foi até os deputados para pedir um novo empréstimo no valor de R$ 2,7 bilhões. E conseguiu. O que não obteve foi aval do Ministério da Economia. Mas essa já é outra história. (Toni Rodrigues)
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