quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Biden telefona, mas Angela Merkel mantém Alemanha fora da guerra fria contra China

 

 

Merkelmania' aponta o êxito da chanceler cientista durante a pandemia | Internacional | EL PAÍS Brasil

Merkel mantém independente a diplomacia da Alemanha

Nelson de Sá
Folha

Após ligar para os governantes de Canadá, México, Reino Unido e França e antes de falar com o da Rússia, Joe Biden telefonou para Angela Merkel (abaixo, em vídeo da agência DPA). Em seguida, a líder alemã falou ao Fórum Econômico Mundial. Os principais jornais dos EUA não noticiaram, mas o site Politico chamou para “Merkel fica do lado de Xi Jinping contra blocos de Guerra Fria”.

“Eu gostaria muito de evitar a construção de blocos. Dizer ‘estes são os EUA e ali está a China e estamos nos agrupando em torno de um ou outro’. Não é o meu entendimento de como as coisas devem ser”, disse Merkel.

GASODUTO RUSSO – A ligação telefônica e o discurso foram manchete na Alemanha, com o Süddeutsche Zeitung, por exemplo, sublinhando as diferenças relativas ao gasoduto Nord Stream 2, quase pronto para levar gás russo à União Europeia. Biden é contra.

O governo Trump, no final, com apoio democrata, impôs sanções ao gasoduto.

Merkel e a UE não se abalaram e, um dia antes de Biden ligar, as obras foram retomadas, segundo o financeiro Handelsblatt.

VACINA EM DEBATE – Primeiro, a americana Pfizer reduziu a entrega de sua vacina à União Europeia, mas não aos EUA. Depois a britânica AstraZeneca avisou que reduziria também, mas não ao Reino Unido. E jornais alemães, como Süddeutsche e Frankfurter Allgemeine Zeitung, manchetaram na terça (26) a “grave suspeita”, que “envenena relações”, de ser obra do primeiro-ministro Boris Johnson.

O editor-chefe do chinês Global Times/Huanqiu, Hu Xijing, comentou, sobre Pfizer, AstraZeneca e UE, que “vacinas produzidas nos EUA têm que ser distribuídas de acordo com os interesses nacionais dos EUA”. E que “o Reino Unido apoia e coordena com os EUA ao fazer isso”.

D10 FAZ ÁGUA – O Wall Street Journal cobriu e destacou o discurso de Xi Jinping no Forum Econômico, antes de Merkel. Enfatizou que ele se declarou contra “erguer pequenos círculos” para uma nova Guerra Fria, referência ao esforço de Biden de juntar aliados contra Pequim.

Esforço que foi delegado a Boris Johnson, que vem tentando tornar a reunião do G7, em junho, o esboço de um D10, juntando dez democracias contra a China, inclusive a Índia supremacista. Mas Bloomberg, Handelsblatt e outros noticiam que a maior parte do G7, inclusive Japão e Alemanha, não quer.

Também não ajuda Johnson o fato de o Reino Unido ter o pior desempenho econômico do G7, com o brexit somado à pandemia, segundo o WSJ. E de ter alcançado “taxa de mortalidade por milhão maior do que qualquer outro país”, segundo o Times.

NO MAIOR MERCADO – O WSJ publicou vídeo na home (acima) mostrando como a chinesa “Comac busca rivalizar com Boeing e Airbus no maior mercado do mundo” para aviões, a China. E o financeiro japonês Nikkei reportou que as três maiores companhias aéreas chinesas suspenderam mais de cem encomendas feitas à Boeing e à Airbus em 2020, mas mantiveram todas aquelas feitas à Comac.

O financeiro chinês Caixin levou à manchete que o aeroporto de Guangzhou, no sul do país, superou Atlanta, no sul dos EUA, como o mais movimentado do mundo.

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