sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Investimentos externos no Brasil caíram pela metade em 2020, mas desabaram na Europa

 

 

Desindustrialização dificultará recuperação do país após crise da pandemia

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Jamil Chade
Portal UOL

A decisão da Ford de fechar fábricas no Brasil foi apenas a ponta de um iceberg e a economia nacional vive uma das maiores quedas de investimentos diretos entre os países emergentes. Às vésperas do início do Fórum Econômico Mundial, realizado neste ano de forma virtual, a ONU divulgou neste domingo dados que mostram que os investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2020 registraram uma queda de 51% em comparação aos volumes de 2019. A redução é superior à média da queda mundial.

“No Brasil, o investimento diminuiu para 33 bilhões de dólares, enquanto o programa de privatização e as concessões de infraestrutura pararam durante a crise pandêmica”, indicou a Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento.

SETORES MAIS ATINGIDOS – “As indústrias mais afetadas foram as de transporte e serviços financeiros, com quedas na entrada de fluxos de mais de 85% e 70%, respectivamente, e as indústrias de extração de petróleo e gás e automotiva, que registraram ambas uma queda (preliminar) de 65% nos fluxos”, explica a ONU.

James Zhan, representante da Conferência da ONU para Desenvolvimento e Comércio (Unctad), alerta que a recuperação brasileira pode ser lenta, já que o que se registrou foi uma queda acentuada de investimentos em novas plantas de produção. Isso, segundo ele, seria uma indicação de que a retomada não ocorrerá de forma imediata, mesmo com o fim da pandemia.

“A recessão e o choque causado pela pandemia geraram um golpe para os investimentos no Brasil e na região. Vimos produção afetada”, disse. “No curto prazo, podemos levar um tempo maior para que o Brasil se recupere, comparado com outras partes do mundo, como Europa”, indicou.

No longo prazo, porém, a esperança é de que a reestrutura de cadeias produtivas pelo mundo possa também significar que haverá uma maior integração regional na América Latina, com oportunidades de investimentos e diversificação para o setor de tecnologia.

QUEDA NA EUROPA – Entre as grandes economias do mundo, apenas quatro tiveram quedas ainda mais profundas que o Brasil em 2020: Reino Unido, Itália, Rússia e Alemanha. O volume de investimentos só não é menor que em 2009, quando a crise financeira global também abalou os fluxos para o Brasil e somou apenas US$ 26 bilhões.

O país ainda terminou 2020 como o quinto maior recipiente de investimentos do mundo, superado por Índia, Cingapura, EUA e China. Em 2011, há uma década, o Brasil já era o quinto maior receptor.

De uma forma geral, 2020 registrou um colapso nos investimentos globais, com queda de 42% e um total de US$ 859 bilhões. Em 2019, o volume havia chegado a US$ 1,5 trilhão. Os dados de 2020, portanto, mostram que os fluxos estão 30% abaixo do valor mínimo após a crise financeira global em 2009. A pandemia ainda colocou os investimentos em seu menor nível em 30 anos.

AMÉRICA LATINA – O Brasil não foi o único a não resistir à pandemia. De uma forma geral, a América Latina viu uma queda de 37%, com um total de US$ 101 bilhões. De acordo com ONU, a região vive “uma das mais profundas recessões em todo o mundo em desenvolvimento”.

“Os investimentos em indústrias relacionadas ao petróleo e os fluxos de procura de mercado registraram quedas acentuadas. Entre as economias maiores, apenas o México experimentou um declínio de menos de 10%, graças aos lucros reinvestidos resilientes”, disse. Os fluxos para o Peru, Colômbia e Argentina caíram em 76%, 49% e 47%, respectivamente. No Chile, os fluxos caíram 21% para US$ 8,9 bilhões.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Enquanto isso, a China passou a ser o país que mais recebeu investimentos, atraindo US$163 bilhões, deixando os EUA em segundo lugar. A Europa está pior do que o Brasil e sofreu queda de investimentos. Alguns países, como Suíça e Holanda, sofreram desinvestimentos. A crise mundial é gravíssima. Por isso, o Brasil precisa de um governo de verdade. (C.N.)

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