sábado, 30 de janeiro de 2021

Mourão errou ao demitir o assessor, deveria ter exigido investigação e perícia no celular

 

 

Mourão afirma que notícias sobre gastos do governo com alimentos são 'pura  fumaça' - CartaCapital

Mourão precisa abrir o olho, pode ser mais uma fake news…

Carlos Newton

Desta vez, o rompimento entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão é mesmo definitivo. Desde o início do mandato, o general vem sendo acusado pelos filhos do presidente de conspirar para assumir o governo. Bolsonaro embarcou nessa onda e chegou a proibir Mourão de dar entrevistas e de receber em audiência diplomatas estrangeiros, que no início do governo procuravam ouvir o vice-presidente, para ver se entendiam o que estava acontecendo, porque praticamente todos os atos do presidente necessitam de tradução simultânea.

Constrangido, Mourão aceitou a mordaça, sabe que Bolsonaro não bate bem, tocou a vida em frente. Assim, os dois ficaram meio rompidos, até que, em meados de 2020, Bolsonaro anunciou que iria arranjar outro vice para disputar a reeleição.

CAMINHO SEM VOLTA – Mourão ficou chocado com a notícia, porque em 2018, como presidente do Clube Militar, foi um dos avalistas da candidatura Bolsonaro. Tentou contemporizar, mostrou ser modesto, dizendo que iria procurar agradar ao presidente, mas já estava num caminho sem volta.

O que não se esperava é que surgisse de repente a “notícia” de que um assessor de Mourão tivesse a desfaçatez de ligar para o assessor de um deputado para tratar do impeachment de Bolsonaro. No linguajar dos policiais, fato como esse é chamado de “batom na cueca”, não dá para desmentir.

Mourão imediatamente mandou demitir o assessor, não lhe passou pela cabeça que pudesse ser mais uma armação do gabinete do ódio, especialista em fake news e que funciona no terceiro andar do Planalto, ao lado da sala do presidente.

CELULAR HACKEADO – O funcionário demitido é Ricardo Roesch Morato Filho, chefe da Assessoria Parlamentar da Vice-Presidência, o que indica ter experiência política, com mais de 20 anos de Congresso.

Ele está de férias e alega que seu telefone foi hackeado. De fato, há essa possibilidade, que não pode ser descartada.

Geralmente, servidor em férias foge de trabalho. Por que Morato, em plenas férias, teria cometido um erro brutal desse tipo, mesmo sabendo que celulares não são confiáveis, como ficou demonstrado no caso The Intercept?.

DIREITO DE DEFESA – De uma só tacada, sem conceder o menor direito de defesa, Mourão acusou, julgou e condenou o chefe de sua Assessoria. A meu ver, agiu de forma precipitada e injusta. A única prova é uma matéria numa site, sem que o interlocutor de Morato tenha sido identificado e sem que haja uma indispensável perícia técnica.

Desculpem a franqueza, mas esse caso tem tudo para ser mais uma plantação do gabinete do ódio, que está sendo investigado pela Polícia Federal, em inquérito no Supremo.

O vice-presidente deveria ter exigido uma perícia no celular de seu funcionário, antes de lhe tirar o direito de trabalho.

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P.S. –
 É preciso equilíbrio numa hora dessas, em que todos estão massacrando Morato. Nesse tipo de escândalo, é sempre bom saber a quem beneficia. No caso, o único beneficiado chama-se Jair Messias Bolsonaro, que desvia as atenções de escândalos verdadeiros para focá-las no que pode ser apenas uma bem programada fake news.

P.S. – Se Morato for inocente, vai ganhar muita indenização desse povo que o está massacrando impiedosamente. (C.N.)

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