Mônica Bergamo
Folha
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a imprensa afirmando que as latas de leite condensado são “para enfiar no rabo de jornalista”. Ele faz referência à notícia de que o governo federal gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos e bebidas no ano de 2020, dos quais R$ 15 milhões foram em leite condensado.
“É para enfiar no rabo de jornalista”, disse Bolsonaro em novo vídeo compartilhado pelo senador Rogério Carvalho (PT) nesta quinta-feira, dia 28, dia em que o presidente visita Sergipe. Na quarta-feira, dia 27, o chefe do Executivo federal já havia criticado jornalistas ao falar sobre o tema em evento fechado.
INVESTIGAÇÃO – “Vai para puta que o pariu. Imprensa de merda essa daí. É para enfiar no rabo de vocês aí, vocês não, vocês da imprensa essa lata de leite condensado”, disse o presidente. O vídeo foi compartilhado por parlamentares. O deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou uma ação pedindo que o procurador-geral da República, Augusto Aras, investigue esse gasto.
O comportamento desrespeitoso com os jornalistas e de desprezo por um fato tão grave mostra que Bolsonaro quer esconder as irregularidades que estão sendo desvendadas a cada dia. Mas não adianta, presidente, o Brasil vai saber da verdade e da CORRUPÇÃO que está por trás disso! pic.twitter.com/IAuD0XgzTI
— Rogério Carvalho (@SenadorRogerio) January 28, 2021
O gasto foi divulgado pelo portal Metrópoles, que aponta que o valor equivale a um aumento de 20% em relação a 2019. Entre os produtos adquiridos estão R$ 2,5 milhões em vinhos para o Ministério da Defesa e, R$ 15 milhões em leite condensado e R$ 2,2 milhões em gomas de mascar.
Também há R$ 5 milhões na compra de uvas passas, R$ 1 milhão em alfafa, R$ 15 milhões em açúcar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada e R$ 14,8 milhões em temperos, R$ 4,5 milhões com água de coco, R$ 14 milhões em café, R$ 3,2 milhões em caldas doces para recheios e coberturas, R$ 1,7 milhão em chantili, R$ 6,7 milhões em chuchu, R$ 1,8 milhão em geleia de mocotó e R$ 2,2 milhões em chicletes.
NOTA – Na quarta, o Ministério da Defesa emitiu nota comentando os gastos feitos pela pasta, alegando ser a sua função “prover alimentação aos militares em atividade”. “Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação”, diz o texto.
De acordo com a Defesa, o efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1.600 organizações militares espalhadas por todo o país. “O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite”, afirma a pasta.
“Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas.” “No que se refere a gomas de mascar, o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea.”
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