quarta-feira, 31 de março de 2021

PF cobrará de novo ministro da Justiça independência total em relação a Bolsonaro

 

 

Policiais não querem movimentos de intervenção e de uso político do órgão

Bela Megale
O Globo

Integrantes da Polícia Federal garantem que cobrarão do novo ministro da Justiça, Anderson Torres, a independência total do órgão em relação a Bolsonaro. Na avaliação de membros da corporação, por ser um delegado da PF, ele vai ter responsabilidade maior em proteger a entidade de interferências políticas.

Torres conhece bem os limites que tem incomodado seus pares, como o fato de a imagem de PF estar cada vez mais associada a uso político do governo. Na noite de segunda-feira, ao ser convidado para assumir o cargo, Anderson Torres foi alertado por colegas sobre o extremo incômodo que a atitude do seu antecessor, André Mendonça, causou na PF, ao abrir investigações contra pessoas que criticaram Bolsonaro de maneira pacífica e dentro da lei. A mensagem passada diretamente para o novo ministro é que qualquer atuação de uso político da corporação irá incendiar sua gestão.

LIMITES – “Anderson Torres será muito mal interpretado se fizer, sem justificativa, requisições de investigações que André Mendonça fez contra pessoas que criticaram Bolsonaro. Por ser delegado da PF, sabe quais são nossos limites e como interpretamos movimentos de intervenção e de uso político do órgão. O novo ministro precisará de muito jogo de cintura para atender a Bolsonaro e a PF ao mesmo tempo. Torres já foi alertado de que será muito cobrado sobre a independência do órgão”, disse um integrante da cúpula da corporação.

Além disso, o novo ministro vai enfrentar um clima de animosidade entre os policiais, que não estão nada contentes com o tratamento que têm recebido do governo Bolsonaro. Policiais federais estão se sentindo desvalorizados, principalmente pela perspectiva de terem seus salários congelados pelos próximos 15 anos.

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