Carlos Newton
O governo de Jair Bolsonaro tinha tudo para dar certo, mas se tornou uma tragédia anunciada. Se ele tivesse um mínimo de bom senso e humildade, o Brasil estaria hoje em outra situação. Ao ser eleito, admitiu sua limitação intelectual, dizendo nada entender de economia, mas não haveria problema, porque podia perguntar no Posto Ipiranga, onde o monetarista Paulo Guedes estaria de plantão 24 horas, sempre pronto a abastecê-lo de informações.
A surpresa foi constatar que o novo presidente era ignorante em praticamente todos os assuntos administrativos, não se tratava apenas de Economia, ele precisava de um Posto Ipiranga multiconceitual.
ASSESSORIA MILITAR – Até aí, tudo bem, porque o chefe do governo tomou a precaução de se cercar de militares de larga experiência, com os quais poderia se aconselhar, mas deu tudo errado. Desde o início, Bolsonaro mostrou que não estava disposto a ouvir o oficiais generais, preferindo se aconselhar como elementos da pior espécie, como os três filhos políticos e o guru deles, o suposto filósofo Olavo de Carvalho, que é desprezado pela própria família, e não é preciso dizer mais nada.
É claro que não poderia dar certo. E o governo caminha para o segundo semestre de seu penúltimo ano de mandato, sem apresentar uma só realização, em meio a uma bagunça infernal.
O pior é que a gestão paramilitar consegue a façanha de errar simultaneamente no atacado e no varejo, interna e externamente.
IMAGEM PATÉTICA – Nem mesmo nos anos da ditadura a imagem do Brasil foi tão desgastada. Lembro que em 1977 o governo Jimmy Carter fez críticas severas à violação de direitos humanos no Brasil e o chanceler Azeredo da Silveira respondeu com firmeza, porque a fase das torturas não existia mais.
Agora, o governo de nossa matriz USA volta a fazer acusações oficiais e diretas à filial Brazil, sem que o Itamaraty possa responder, pois é tudo verdade. Desde o início o governo Bolsonaro ataca implacavelmente a imprensa, chega a ser monótono.
O relatório do Departamento de Estado lista 53 ataques à mídia, sem falar nas investidas do filhos e de ministros. Cita a ameaça do presidente um repórter de O Globo — “Tenho vontade de encher sua boca de porrada”, ao se recusar a responder uma pergunta sobre depósitos realizados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle. É até difícil de acreditar que tenha acontecido.
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P.S. – Com apoio dos militares, o presidente Bolsonaro tinha tudo para dar certo, mas faltou a humildade de reconhecer que deveria aceitar orientação dos generais que aceitaram assessorar um capitão. Acabará derrotado pela própria vaidade. (C.N.)
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