quinta-feira, 29 de abril de 2021

Na contramão da Ciência, movimentos articulam reunião com Bolsonaro para pressionar por ‘tratamento precoce’

 

 

Charge do Duke (domtotal.com)

Mônica Bergamo
Folha

Movimentos da sociedade civil favoráveis ao chamado “tratamento precoce” estão em contato com interlocutores do Palácio do Planalto para marcar um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta semana.

O objetivo é entregar uma carta pedindo que o Ministério da Saúde divulgue “de modo significativo essa linha terapêutica” e adote a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina como política pública para tratar a Covid-19 ou seus sintomas.

MANIFESTO – A iniciativa é do Movimento Legislação e Vida, que há anos atua em pautas antiaborto, e do grupo Médicos pela Vida, que já reúne mais de 4 mil assinaturas em um manifesto virtual em defesa do “tratamento precoce”. Um dos articuladores integra o gabinete do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que faz parte da CPI da Covid e é próximo de Bolsonaro.

Embora remédios como cloroquina e ivermectina sejam usados há décadas para outros objetivos, eles já foram descartados pela comunidade científica e médica para o tratamento da Covid-19 por não demonstrarem capacidade de barrar o coronavírus, prevenir a doença ou tratá-la.

“CARTA DO BRASIL” – Intitulado “Carta do Brasil”, o documento ainda critica os principais instrumentos adotados no combate ao vírus, se colocando contra o uso de máscaras de proteção e a pressão pela vacinação em massa. A carta também condena a cobertura da crise sanitária pela imprensa.

“Prevalece a narrativa única da mídia, altamente controversa, fazendo edição de notícias que nem sempre condiz com a realidade dos fatos, fomentando o medo e o pânico na população, e induzindo os governantes a falsas soluções e medidas equivocadas”, diz o texto.

POLITIZAÇÃO – Os signatários afirmam que a epidemia tem sido instrumentalizada para fins políticos, o que estaria prejudicando a sociedade e provocando mortes. “Danos esses que poderiam ser mitigados se tais medidas fossem realmente voltadas ao combate do Sars-CoV-2, sem que a politização da pandemia favorecesse fortes interesses ideológicos e econômicos”, segue.

A pressão dos grupos coincide com a instalação da CPI da Covid, que deve ter como uma das frentes de investigação a recomendação do uso de remédios sem eficácia comprovada contra a doença. Eles, no entanto, se veem respaldados por declarações dadas por Bolsonaro ao longo do último ano e esperam contar com seu apoio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 –  É incrível ainda constatar a ignorância na qual tais movimentos insistem em mergulhar, disseminando desinformação e propostas repetidamente já comprovadas como ineficazes. Pensam (?) que os óbitos são apenas números e não vidas que se foram em grande parte pela falta de ação governamental e estrutura da Saúde no país. (Marcelo Copelli)

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