terça-feira, 20 de abril de 2021

Se não aprender a evitar a crescente desindustrialização, o Brasil não vai a lugar algum

 

 

Antonio Machado (Correio Braziliense),
com 
Charge do Laerte (Folha)   

No Brasil estamos assim: ideias diferenciadas são descartadas e as inovações nem são consideradas. A mais grave omissão é o que se fez com o planejamento das ações típicas de Estado, como a segurança, a saúde, a educação e a equidade federativa, todas em situação de crise, e, no setor privado, com a indústria.

Ela representa 11% do PIB, contra 33% duas décadas atrás, mas ainda é responsável por 36% da arrecadação total de impostos e os empregos mais bem remunerados.

NA MATRIZ USA – Sem indústria, país algum tem relevância e atrai capitais — seja a cidade-estado de Cingapura, sejam colossos como China, Índia e Estados Unidos. Em nossa matriz USA, o  governo Joe Biden tem na revitalização da indústria um dos eixos de sua política para manter a liderança dos EUA.

A indústria norte-americana se limita hoje a 11% do PIB e a 8% da força de trabalho, segundo estudo recente do McKinsey Global Institute, mas se devem a ela 60% das exportações, 70% da pesquisa e desenvolvimento, 55% das patentes, 20% do estoque de capital, sendo o principal suporte das economias regionais e da vitalidade das pequenas e médias empresas.

Aqui na filial Brazil é semelhante e o tema está na agenda do industrial Josué Gomes da Silva, próximo presidente da Fiesp (a eleição com chapa única será em 5 de julho).

UM PAÍS PARALISADO –  O quadro aterrador de mortes, boa parte devido à negligência federal — tema da CPI no Senado, apesar da má vontade de Bolsonaro e das pressões sinistras de senadores ligados ao governo —, tem relação com o fato de estarmos em abril sem que a lei orçamentária de 2021 tenha sido sancionada. Dê um nome a isso.

O que virá nas próximas semanas e meses não será diferente do que tem acontecido. As atenções se voltam ao que poderá ser em 2023, o que passa pelas próximas eleições. Diminui o risco de Bolsonaro se reeleger. Mas ainda falta candidato não bem para substituí-lo, mas com visão, liderança e programa capaz de recuperar o tempo perdido. 

A reconstrução demandará uma nova macroeconomia, outra governança do Estado brasileiro, envolvimento do empresariado local e externo, sobretudo na industrialização. Poderia ser agora, se houvesse um governo minimamente organizado. Como não há, a transição dependerá de mão firme do Congresso, para o caldo não entornar, grandeza dos líderes que restam… e rezar.

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