Trabalhadores saem já contratados para safra de laranja na cidade de Matão.
Centenas de famílias que estão saindo da cidade de Jaicós em busca de melhores condições de vida. O principal destino dos trabalhadores é a cidade de Matão, situada no interior de São Paulo. Eles saem daqui já contratados para o trabalho na safra de laranja. Na manhã desta quinta-feira (27), jovens, pais, mães, aguardavam para iniciar a viagem e se despetir dos familiares. As informações são do portal Cidades Na Net.
A migração de trabalhadores de Jaicós não é novidade, segundo relatos, teve início na década de 2000. Mas, a cada ano, quando uma multidão se forma na cidade à espera dos ônibus, os momentos de partida são marcados por um misto de sentimentos. Lágrimas e tristeza estão presentes, mas também fé e esperança de dias melhores.
Todas as semanas saem ônibus da cidade em direção a São Paulo, levando centenas de jaicoenses. Nessa quinta-feira, oito ônibus de três empresas que atuam no município partiram levando não só passageiros, mas a bagagem de sonhos, medos e esperança de cada um deles.
Paulo Silva Carvalho, 26 anos, está viajando pela primeira vez. Ele explicou que com a pandemia, as coisas ficaram mais difíceis. “As oportunidades de emprego estão poucas, então a gente tem que buscar em outros estados, porque está difícil. A pandemia veio e atrapalhou muita coisa na questão da renda, e a gente termina tendo que buscar um meio de sobrevivência melhor”.
O jovem diz que deixar as pessoas queridas é difícil, mas que vai com o intuito de conquistar algo e voltar para sua terra. “É a primeira vez que vou, mas sempre tem aquela tristeza por deixar os amigos, família, mas é necessário a gente ir. Todos que estão aqui com certeza vão com esse intuito de conquistar algo melhor, poder voltar e conseguir construir sua vida aqui”.
Maria Josinete da Conceição, estava no local se despedindo do filho, Carlos Eduardo e do irmão, José Neto. O filho está viajando pela primeira vez, em busca de conquistar seus sonhos. Já o irmão vai para a 10ª safra da laranja em Matão.
“Ele quer seguir o sonho dele, conseguir as coisas dele e a gente tem que deixar seguir, caminhar com as suas próprias pernas. Não podemos dar tudo que eles querem, então o certo é trabalhar né” falou ela.
Maria Josinete também disse que se preocupa, mas o fato do filho ir com seu irmão, traz mais um pouco de tranquilidade. “O tio vai e disse que queria levar ele e ele decidiu ir. Está tudo certo, vão começar a trabalhar já na outra semana. E eu tenho um pouco de preocupação, porque é a primeira vez que ele vai, a gente não sabe direito como vai ser. Mas fico também confiante porque ele vai com meu irmão, em que eu confio muito”.
Ela disse que também se preocupa com a questão da pandemia, mas crê que Deus protegerá sua família. “Eu fico bastante preocupada também com a pandemia. Tenho muito medo, mas confio que Deus está com ele, com a gente, e com fé em Deus isso ai vai acabar e a gente vai seguir a vida que tínhamos antigamente”.
Erinaldo da Costa, 18 anos, viaja pela terceira vez em busca de emprego. Ele disse que há a tristeza por deixar a família, mas também a esperança de conquistar algo. “Aqui não tem emprego, então a gente se obriga a ir para fora para ganhar algo. A gente vai sem saber se a viagem vai ser tranquila, tem também o coronavírus. A gente vai com medo, mas entrega na mão de Deus, pois ele é maior. É sofrido ir, ficar longe da família, mas no final compensa porque o cara vai e consegue alguma coisa lá. Vou triste por deixar a família, mas com a esperança de conquistar alguma coisa”.
O jovem também disse que tem vários sonhos e que quando alcançar o que almeja, não pretende mais sair de sua cidade. “Tenho vários objetivos, um deles é construir minha casa própria, que creio que é o que todo mundo deseja. Lá consigo um renda e dinheiro que trago invisto em alguma coisa e depois volto de novo. Mas quando conquistar tudo que preciso quero ficar morando só aqui, pois é o lugar da gente, o Piauí é muito bom e o que a gente deseja é fica perto da família” concluiu.
A previsão é que os trabalhadores cheguem a Matão no domingo, 30, e no dia seguinte já devem começar a trabalhar.
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