Carlos Newton
A prática tem demonstrado que no Brasil e no mundo as pesquisas eleitorais só merecem confiabilidade quando se aproxima a data da eleições. Na situação atual, faltando 16 meses para a votação do primeiro turno, as pesquisas necessitam de tradução simultânea, não podem ser consideradas como indicação fidedigna da situação política.
A primeira verificação deve ser feita quanto aos interesses do cliente que contratou a pesquisa, e os institutos são até obrigados a mencionar o patrocinador. Quando o patrocinador permanece oculto, a tradução simultânea fica dificultada, é claro, e a pesquisa não tem o valor de uma moeda de 2 reais.
AGRADAR AO CLIENTE – Desde o início do comércio, na época do escambo (troca de mercadorias), sabe-se que é preciso agradar ao freguês e o negócio só é bom quando favorece as duas partes.
No caso das pesquisas eleitorais, os institutos – todos eles – sempre dão um jeito de inserir perguntas que possam beneficiar o cliente e até manipulam os resultados, mas de uma forma elegante, para não demonstrar que a oportunidade é a alma do negócio.
Conforme as eleições se aproximam, as pesquisas vão se tornando mais realistas – ou menos tendenciosas, digamos assim. Mas somente se tornam mais confiáveis às vésperas da eleição, quando os institutos precisam acertar os prognósticos, para não se desmoralizarem, pois os erros são cobrados pelos clientes e prejudicam a estabilidade dos negócios do setor.
TERCEIRA VIA – No caso da próxima eleição brasileira, os altos índices de rejeição aos principais candidatos, especialmente Lula da Silva e Jair Bolsonaros, não podem ser mascarados. Parodiando Ruy Barbosa, até as pedras da rua sabem que os dois enfrentam o grave problema da elevada rejeição, circunstância que obviamente favorece uma terceira via.
Aliás, pegou muito mal essa pesquisa do antigo Ibope, agora chamado de Ipec, que apontou rejeição de 62% para Bolsonaro, 56% para João Doria, 49% para Ciro e apenas 36% para Lula. Oficialmente, não houve patrocinador, mas pode-se imaginar quem o novo instituto tenta favorecer…
A TERCEIRA VIA – De todo modo, é uma eleição peculiar e fica evidente que está faltando adaptar as pesquisas à realidade de uma terceira via. Assim, há perguntas que não querem calar. Por exemplo:
Qual o percentual dos que não aceitam votar nem em Lula nem em Bolsonaro?
Qual o percentual dos que tentam encontrar uma terceira via?
Qual o percentual dos que aceitam votar em qualquer um, menos em Lula ou Bolsonaro?
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P.S. – Ao conhecer as respostas a esses questões, saberemos justamente em que pé está a campanha, com as chances reais de Lula, de Bolsonaro e do candidato ou candidata que disputam a terceira via, entre Ciro Gomes (PDT). João Dória ou Eduardo Leite, Arthur Virgilio Neto ou Tasso Jereissati (PSDB), Henrique Mandetta (DEM) e Simone Tebet (MDB). MAs quem se interessa? (C.N.)
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