Pedro do Coutto
Em reportagem publicada na edição de ontem de O Globo, Gabriel Mascarenhas revela que Sergio Moro, candidato à Presidência da República, tem mantido conversações com o general Hamilton Mourão, que poderá apoiá-lo nas urnas em outubro de 2022. O vice-presidente da República avalia também ser candidato ao Senado ou ao governo do Rio de Janeiro nas próximas eleições. Mas o seu apoio é essencial à candidatura de Moro na medida em que não só significa uma ponte entre o ex-juiz e a cisão bolsonarista, como também fortalece sensivelmente a sua afinidade com a classe média que se encontra no momento muito mais ao lado de Bolsonaro do que de Lula da Silva.
Sergio Moro terá que escolher um candidato a vice em sua chapa, mas esse é outro assunto. O que no panorama atual se descortina é que finalmente Moro representa a abertura da estrada política da terceira via que vem sendo reivindicada por todos os candidatos que se distanciam tanto de Lula quanto de Bolsonaro. São muitos, entretanto apenas quatro nomes têm possibilidade de tentar a terceira opção.
POSSÍVEIS NOMES – Bruno Góes, Julia Lindner e Jussara Soares, O Globo, relacionam os nomes possíveis: João Doria, Ciro Gomes, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco. A lista é maior, mas analisando-se bem as possibilidade chega-se à conclusão que apenas essas quatro alternativas existem no rumo da terceira via. Mas é incerta essa via para todos os quatro, mais provável é que ela seja ocupada por Moro, conforme as pesquisas apontam. Tanto que, como vimos no artigo de ontem, Ciro Gomes começou a atacar Sérgio Moro.
Simonete Tabet tem condições de decolar e fazer uma importante campanha. Ela demonstrou na CPI da Pandemia uma firmeza e lucidez extraordinárias, uma disposição de acertar. Sua imagem ficou valorizada. Mas o funil é estreito e dependerá do desempenho dos próprios candidatos durante a campanha eleitoral. Nomes como o ex-ministro Mandetta, Alessandro Vieira, Luiz Felipe D’ávila e André Janones são, a meu ver, figuras fora de cogitação. Não irão decolar.
O quadro passou a ter novos caracteres, sobretudo a partir do momento em que Mourão confirma o seu apoio a Moro. Há uma luta pela terceira via e essa só pode se estabelecer se Bolsonaro perder densidade eleitoral no decorrer da campanha. Retirar votos de Lula é muito difícil a essa altura dos acontecimentos.
A IMPORTÂNCIA DE SER ALFREDO – Ontem, dei boas gargalhadas quando li a crônica de Ruy Castro, Folha de S. Paulo, focalizando o caso de uma família dona de um coelho que desejava embarcá-lo no mesmo compartimento onde viajam cães e gatos. Havia um veto e queriam jogar o coelho para o porão de carga. A confusão se estabeleceu e o coelho de nome Alfredo acabou viajando com a família conforme estava desejando.
Da importância de ser Alfredo foi um título que bolei para ilustrar a crônica com a qual Ruy Castro nos brindou. Verifiquei uma certa semelhança entre a luta dos donos do coelho para embarcá-lo e os candidatos que tentam embarcar na terceira via para o próximo ano. Alfredo embarcou, mas os postulantes ao Planalto pela terceira via poderão ficar apenas na intenção. A democracia é assim. Alfredo deve ter chegado ao seu objetivo. Já o embarque para a terceira via com destino para Brasília dependerá do caminho das urnas.
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