Carlos Newton
Bolsonaro cometeu muitos erros, como relaxar o combate à corrupção, apoiar a destruição da Lava Jato, indicar cloroquina para a covid, ignorar a eficácia das vacinas, aliar-se ao que há de pior na política brasileira e tudo o mais.
Porém, seu pior tropeço foi boicotar o trabalho do vice Hamilton Mourão em defesa da Amazônia, pois o presidente da República preferiu permitir o avanço do desmatamento e das queimadas, assim como a invasão das áreas indígenas por garimpeiros.
Como a televisão vem exibindo, o abandono das tribos da reserva Yanomami é revoltante e inexplicável, jamais se viu nada igual desde a época do marechal Cândido Rondon, quando houve a criação do Serviço de Proteção ao Índio, em 1910.
BOICOTE – Após ter acertadamente nomeado o general Mourão para presidir o Conselho da Amazônia, Bolsonaro ficou enciumado com o destaque que seu vice logo obteve.
Mourão lutou para melhorar a situação, buscou apoio das Forças Armadas, mas Bolsonaro não permitiu que o trabalho avançasse. Pelo contrário, fez o possível e o impossível para travar as decisões do Conselho da Amazônia.
Esse grande erro hoje prejudica Bolsonaro gravemente no Brasil e no exterior. Pela primeira vez, desde o Império, o Brasil tem um governo totalmente desmoralizado no exterior, que o transformou em um pária diplomático.
TEMA DE CAMPANHA – O mais curioso é que assim a defesa da Amazônia acabou se tornando um dos mais importantes temas da campanha eleitoral.
Ganhará excelente retorno o candidato que se comprometer a preservar a Amazônia, reprimindo desmatamentos e queimadas. E não é difícil, basta agir com rigor. Hoje existe o Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro público eletrônico nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais. Se a área não está registrada, deve-se desocupá-la, multar os infratores e processá-los. Se houver registro, a lei manda que 80% da propriedade sejam mantidos intactos, caso contrário, multa e processo.
E nem precisa reflorestar. Em poucos anos a natureza se recompõe. Primeiro, surgem os arbustos; depois, as árvores. A chamada floresta úmida tem essa característica, é uma força da natureza.
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P.S. – Na semana passada, Mourão reclamou que Bolsonaro jamais lhe deu condições reais para defender a Amazônia. “Se tivesse me passado a tarefa, eu saberia cumpri-la”, resumiu. Portanto, vamos ver se algum candidato entende a importância da questão, inclui a Amazônia como meta de campanha e até se compromete a dar essa incumbência a Mourão. Acredita-se que o general realmente cumpriria a “tarefa”, com apoio da Polícia Federal, do Ibama, do ICMBio, da Funai e das Forças Armadas. Bem, sonhar ainda não é proibido. (C.N.)
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