Vicente Nunes
Correio Braziliense
O ministro da Economia, Paulo Guedes, não economiza nas críticas ao ex-juiz Sergio Moro, que vem, sistematicamente, atacando a política econômica do governo. O Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro sempre bateu no peito ao dizer que foi ele quem levou Moro para a equipe do então presidente eleito.
Antes mesmo de Bolsonaro sair vitorioso das urnas, Moro se reuniu com Guedes. Na ocasião, Guedes apresentou ao então juiz a proposta de transformar a pasta da Justiça em um superministério, agregando diferentes áreas do governo. Moro aceitou o convite em novembro de 2018 e abandonou a carreira da magistratura.
PASTORE, O RIVAL – Guedes está especialmente mordido com o fato de Moro ter escolhido como seu principal conselheiro econômico Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central.
Um dos mais respeitados economistas da atualidade, Pastore é o maior crítico do ministro, que chamou o desafeto de “velho” e insinuou que ele deveria estar calado num asilo.
Auxiliares de Moro garantem que ele não tem nada de pessoal contra Guedes, mas, sim, contra a política econômica que maltrata, principalmente, os mais pobres.
PONTO MAIS FRACO – A inflação está em mais de 10% ao ano e nada está sendo feito de concreto para reverter esse quadro dramático, que conjuga, ainda, desemprego elevado e economia caminhando para a recessão.
Moro, por sinal, sabe que, hoje, a economia é o ponto mais fraco de Bolsonaro. E vai “botar o dedo na ferida” para tentar atrair o maior número possível de votos. Portanto, Guedes pode se preparar. Ele não será poupado dos ataques do ex-juiz, que se filiou ao Podemos e está disposto a ir para o segundo turno das eleições com Lula.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como todos sabem, recordar é viver. E o colunista Vicente Nunes, um dos principais jornalistas de Brasília, vem nos lembrar que foi Paulo Guedes que atraiu o então juiz Sérgio Moro para a armadilha, prometendo apoio integral do governo para as 10 Medidas contra a Corrupção. Guedes não podia ter prometido nada, pois o resultado todos sabem: o presidente Bolsonaro e o grupo palaciano traíram Moro e apoiaram leis que hoje garantem a impunidade dos corruptos. Se Moro tivesse continuado como juiz, dificilmente o Supremo teria a mesma facilidade para “interpretar” as leis e cancelar as condenações de Lula, pois o magistrado teria direito de se pronunciar e demonstrar que a 13ª Vara de Curitiba era competente para julgar o chefe do esquema de corrupção que o PT instalou na Petrobras. Recordar é viver, não há dúvida. (C.N.)
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