Carlos Newton
A campanha eleitoral é sempre recheada de Piadas do Ano. Os candidatos não resistem e disputam o troféu com louvável obstinação. O presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, é uma verdadeira fábrica de anedotas, sua criatividade não conhece limites, costuma dar declarações de manhã, à tarde e à noite. Como tem problemas para dormir, sua performance realmente é impressionante.
As pesquisas indicam que o principal adversário de Lula na eleição de 2022 é o presidente Jair Bolsonaro, que ainda se diz católico, para não perder eleitores, mas em 2016 foi batizado no Rio Jordão pelo pastor Everaldo Pereira, justamente aquele líder da Assembleia de Deus que viria a ser preso em 2020 por corrupção e lavagem de dinheiro.
BATISMO NO JORDÃO – Foi tocante a cerimônia de batismo evangélico nas águas poluídas do Jordão, com a participação ativa dos três filhos mais velhos de Bolsonaro, que também mergulharam no rio, vestidos à caráter com as mantas fornecidas pelo piedoso pastor, hoje presidente licenciado do PSC, partido por ele criado para defender a rentável política evangélica.
Como as eleições se aproximam, o petista Lula da Silva não quer ficar por baixo. Embora ainda não tenha se convertido, o ex-presidente também ronda os votos dos crentes, como se diz, e acaba de determinar a criação de “um momento evangélico” na TV e na Rádio do PT.
Segundo a explicação dos marqueteiros petistas, seria uma forma de reverter a falsa premissa de que o verdadeiro cristão não vota na esquerda. Isso realmente é um falso dogma repisado por vários megapastores, hoje ainda alinhados ao presidente Bolsonaro, mas tudo depende de como ele se conduzir nas pesquisas, porque também a própria fé religiosa tem limites.
DIZ LULA – “O PT não pode acreditar na história de que os evangélicos e as evangélicas são como se fossem um gado”, assinala o ex-presidente Lula, dizendo que o partido precisa “lembrar ao segmento evangélico que a maioria dos fiéis, pobre e periférica, foi beneficiada por políticas públicas iniciadas pelos governos petistas”.
A desfaçatez dessa gente é uma arte, diria Ataulfo Alves, aplaudido por suas pastoras. Lula nem precisa fazer essas concessões. O líderes pentecostais, todos sabem, têm uma espécie de radar político que os faz apoiar quem tem mais chances de vencer.
Basta lembrar que o pastor Silas Malafaia, que se diz bispo e ainda dá o maior apoio a Bolsonaro, em 1989, 2002 e 2006 fez campanha para Lula, e nada impede que volte a fazê-lo, basta Bolsonaro continuar caindo nas pesquisas, com seu índice de rejeição aumentando.
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P. S. – Mesmo que Lula não faça nada, os líderes pentecostais podem acabar lhe apoiando, porque o candidato petista é bastante compreensivo no tocante à corrupção e à lavagem de dinheiro. E o resto é folclore, como diz nosso amigo Sebastião Nery. (C.N.)
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