É da maior gravidade a denúncia do deputado Raimundo Cutrim, feita
da tribuna da Assembleia na semana passada. Ele denunciou e alertou a
sociedade maranhense de que o governo do estado está escutando tudo o
que dizem ao telefone deputados, empresários, desembargadores, juízes,
promotores, políticos da oposição e até os aliados. Para isso, segundo o
deputado, estariam usando uma parafernália eletrônica doada pelo
governo federal, para que a polícia, com autorização judicial, pudesse
investigar crimes, tráfego de drogas e outras mazelas. Repito, com
autorização judicial. Contudo, aqui nada disso é necessário, basta a
vontade e motivação deles.
Isso é comparável a um crime hediondo e
o que permite essa conduta é a certeza da impunidade. Sabem que não
serão auditados por nenhuma instituição estadual ou federal e a
sociedade não tem canais apropriados para responsabilizar os que estão
usando indevidamente o perigoso equipamento. Assim, a oposição não terá
aprovada nenhuma medida contra o gravíssimo procedimento.
O autor
da denúncia, o deputado Raimundo Cutrim, é delegado da Polícia Federal e
ex-secretário de Segurança Pública do Estado em vários governos.
Portanto, é um especialista na área de segurança, possui um grande
número de admiradores no sistema, além de um grande número de amigos
exercendo funções nessa área no estado. Logo, como homem bem informado
que é, tal denúncia não pode de maneira nenhuma ser ignorada. Ademais,
por ser politicamente ligado à base de apoio do governo de Roseana
Sarney, qual a justificativa para que as instituições não ajam em favor
da sociedade e façam uma auditoria no sistema?
Aqui pode tudo desde que o autor seja do grupo da oligarquia?
Continuando, soube que o PCdoB e a parte do PT que não se deixou levar
pelas promessas da governadora estavam negociando no final do ano
passado uma composição política para disputar a prefeitura de São Luís
em 2012 e o governo do estado em 2014. Estavam conversando em marchar
juntos com Bira do PT para prefeito e Rubem Junior do PCdoB para vice.
As negociações caminhavam celeremente quando o senador José Sarney
soube e imediatamente reagiu, eliminando a candidatura de Max Barros a
prefeito, sendo substituído por Washington Oliveira do PT, atual vice –
governador, e um vice do PMDB, ainda não escolhido. Como Sarney soube?
Será? Doido é quem duvida... E as decepções seguem...
O Dr. José
Lemos, professor da Universidade Federal do Ceará e um dos maiores
estudiosos das estatísticas nacionais, enviou-me importante trabalho,
que infelizmente comprova o declínio do estado na agricultura familiar.
As estatísticas não deixam dúvidas do que está acontecendo, jogando por
terra um grande trabalho realizado no meu governo, em que avançamos de
maneira extraordinária. Entretanto, a gestão atual, ao destruir toda a
infraestrutura do programa montado por nós e que trouxe grandes
resultados, inverteu a tendência de crescimento acelerado e hoje estamos
caindo. Este é um não governo.
Vejamos: Quando Roseana Sarney
deixou o governo no início de 2002, a agricultura familiar estava
completamente abandonada e praticamente sem produzir nada. Foi uma das
principais causas do agravamento da pobreza no Maranhão. Se existem duas
coisas que ela detesta são a educação e a agricultura familiar. Tivemos
que começar praticamente do zero e fizemos um esforço gigantesco para
estruturar o setor e amparar os trabalhadores rurais.
O
equipamento-chave da estruturação foram as Casas da Agricultura Familiar
(CAF) como núcleo central do sistema no campo. Contratamos um grande
número de técnicos agrícolas e de agrônomos, como também veterinários e
todo o pessoal especializado que ficaram distribuídos pelas Casas. Os
resultados vieram logo. A produção cresceu, o Pronaf, que nada
arrecadava no Maranhão, cresceu vertiginosamente e em 2006 batemos o
recorde absoluto de arrecadação com 460 milhões de reais, que foram
diretamente para as famílias rurais. Isso foi um componente importante
no aumento da renda per capita e pela maior diminuição de todo o país do
número de pessoas na faixa de pobreza absoluta. As CAFs foram
importantes para a estruturação do programa de erradicação da aftosa uma
grande vitória do meu governo.
Pois bem, em 2006, quando deixei o
governo, o índice era 100 na captação de recursos do Pronaf. Lógico que
essa estrutura exitosa deveria ser mantida e ampliada. Mas foi tudo
destruído. Daí para frente, os recursos do Pronaf só caíram. Em 2007 o
índice foi 92,1; em 2008 foi 79,7; em 2009 foi 76,6 e em 2010 foi 75,5. E
os números não pararam de cair, privando os agricultores rurais de
milhões de reais deixando-os mais pobres ainda. É o governo de Roseana.
E a destruição não para por aí. Desde que ela foi colocada no governo,
vem tentando acabar com a Universidade Virtual do Maranhão, como se
nosso estado estivesse bem na educação superior. Aqui somente 3% dos
jovens na faixa etária certa chega a universidade. No Brasil são 11%, no
Chile são 24%, nos EUA chegam a 50%. Mas a estratégia de Roseana é
acabar com a universidade depois de fazê-la agonizar sem recursos.
A Univima foi criada em 2003 e o governo de São Paulo, só agora, com
toda pompa cria a daquele estado, como exposto pelo governador Geraldo
Alckmin em artigo da Folha de São Paulo do dia 18 de abril último. A
publicação intitula-se sugestivamente “Uma Revolução no Ensino
Superior”. Em um trecho desta diz o governador: “Trata-se, sem dúvida,
de um passo gigantesco na política de aumento das vagas de graduação nas
universidades e faculdades estaduais. Um país se faz com homens e
livros, como disse o escritor Monteiro Lobato. São Paulo agora prova que
se pode ir além desse conceito, fazendo uso das novas tecnologias na
construção de uma educação superior verdadeiramente democrática”.
Nós já temos isso aqui, mas Roseana Sarney abandonou tudo e agora quer
acabar. Ela não gosta mesmo da educação pública e, desta forma,
representa um perigo para a sociedade, como suas atitudes prejudiciais à
população. Uma loucura!
E, para terminar, sabiam que atualmente
para o estado liberar qualquer recurso do governo federal, é necessário
entrar com um mandato de segurança? Que equilíbrio fiscal é esse?
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