Por Ana Flor e Hugo Bachega
BRASÍLIA,
24 Out (Reuters) – O ministro relator da ação penal do mensalão no
Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, deve condenar o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a pelo menos 10 anos de prisão, de
acordo com integrantes da Corte.
A
estimativa é baseada na pena dada por Barbosa nesta quarta-feira ao
empresário Marcos Valério, apontado como operador do esquema de compra
de apoio político ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
nos dois crimes em que tanto ele quanto Dirceu foram condenados:
corrupção ativa e formação de quadrilha.
Pelos
crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, Marcos Valério foi
condenado a um total de 10 anos e sete meses de reclusão. Acima de oito
anos, a sentença tem que ser obrigatoriamente cumprida em regime
fechado.
A condenação por corrupção
ativa de José Dirceu é a mesma dada a Marcos Valério –por corromper
parlamentares. Nela, Barbosa determinou 7 anos e 8 meses, o que deve ser
atribuído ao ex-ministro, segundo integrantes da Corte, que falaram à
Reuters sob condição de anonimato.
Já
a pena por formação de quadrilha –de 2 anos e 11 meses dada a Valério–
pode ser agravada no caso de Dirceu, já que o ex-ministro foi
considerado pelo relator e a maioria da Corte chefe do grupo responsável
pelo mensalão. Se isso ocorrer, a pena final pode ultrapassar 12 anos
de reclusão.
Caso a pena se confirme,
com os votos dos demais ministros da Corte, Dirceu deve permanecer pelo
menos dois anos na cadeia antes de conseguir progredir para o regime
semiaberto, disseram as fontes.
Nesta
quarta-feira, os ministros determinaram uma pena total de 40 anos, 1
mês e 6 dias a Valério que, além de corrupção ativa por comprar
parlamentares e formação de quadrilha, também foi condenado em outros
casos de corrupção e por outros crimes.
Essa
pena poderá ser diminuída até o final do julgamento caso os ministros
considerem que houve uma continuidade entre os crimes e não condutas
ilícitas individuais.
Os ministros
levaram duas sessões para debater apenas o caso de Valério, que foi o
primeiro réu a ter penas definidas. Ainda faltam estabelecer as penas de
outros 24 condenados.
A previsão
inicial era de concluir o julgamento na quinta-feira, o que se mostrou
pouco provável. Nesta quarta, tanto o presidente da Corte, Carlos Ayres
Britto, quanto o relator afirmaram que deve ocorrer uma pausa de uma
semana no julgamento, já que Barbosa viajará para tratamento de saúde.
Segundo
Britto, o processo de definição das penas deve ser retomado no dia 5 de
novembro. Ele completa 70 anos em 18 de novembro, quando irá se
aposentar compulsoriamente, o que significa que pode não estar mais na
Corte quando esta etapa for concluída.
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