População relata que, quando o evento termina, paredões de som chegam e atraem tumulto aos locais
Os
acontecimentos recentes envolvendo violência e mortes no Pré-Carnaval
de Fortaleza têm trazido à tona um problema antigo que ainda persiste na
cidade, sobretudo nesta época do ano: os paredões de som. Embora
proibido por lei, a prática pode ser encontrada com frequência em
Fortaleza e tem sido alvo de críticas da população que, com medo da
violência, tem cancelado a festa em alguns bairros, a exemplo da Cidade
dos Funcionários e Monte Castelo.
Moradores
de bairros como Cidade dos Funcionários e Monte Castelo se queixam que
jovens querem esticar a folia e instalam paredões de som Foto: Marília
Camelo
No último sábado (26), durante o Pré-Carnaval do
bairro Ellery, duas pessoas morreram e três ficaram feridas durante uma
confusão que envolveu policiais do Ronda do Quarteirão e pessoas que se
divertiam com os paredões de som. Depois disso, a Prefeitura Municipal de Fortaleza cancelou a festa no local.
"A
gente vê uma coisa dessa e sabe que fez a coisa certa ao não realizar
mais o Pré-Carnaval onde moramos", afirma o presidente da Associação de
Moradores do Lago Jacarey, José Carlos Ferreira Maia.
Paredões de som
O
presidente relata que, mesmo sem a festa no seu bairro, jovens chegam,
no início da noite, e instalam os paredões de som, deixando praças
cobertas de latas de bebidas e incomodando famílias do local. "O
primeiro sábado do Pré-Carnaval foi terrível. Nos outros, ligamos para a
Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e o problema
diminuiu, mas ainda continua acontecendo", conta.
Outro bairro
que lamenta a situação é o Monte Castelo. Entretanto, o pintor e
carnavalesco Francisco Pires, que vive no local e costuma organizar
festas na área, reforça que brigas e tumultos não são
causados durante o Pré-Carnaval e, sim, por jovens que aproveitam o
término da festa como desculpa para esticar a folia e instalar paredões
de som. "Segurança devia ter em todos os bairros da Capital, e não só
onde tem mais concentração de gente", opina.
De acordo com a
Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), em 2013, o órgão contou
com o apoio do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) a fim de
oferecer uma atenção especial nos espaços de maior concentração de
foliões.
Com isso, reforçou o policiamento no Benfica, no Centro e
na Praia de Iracema. Quanto aos demais bairros, o Plano de Ação da
Polícia Militar (PM) para o período do Pré-Carnaval é realizado pelo
Comando de Policiamento da Capital (CPC), que não deu retorno para a
equipe de reportagem até o fechamento desta edição. Para buscar justiça e
apoio, a comunidade do bairro Ellery fez um pedido à comissão de
Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) para que
formalize ajuda institucional às famílias das vítimas. Procurada pela
equipe de reportagem para comentar como são feitas as fiscalizações, a
Seuma e a Prefeitura de Fortaleza disseram que os responsáveis não
podiam falar por conta o expediente, que se aproximava do fim.
LÍVIA LOPESREPÓRTER/Diário do Nordeste )
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