quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Bairros cancelam festa por medo de violência

População relata que, quando o evento termina, paredões de som chegam e atraem tumulto aos locais
Os acontecimentos recentes envolvendo violência e mortes no Pré-Carnaval de Fortaleza têm trazido à tona um problema antigo que ainda persiste na cidade, sobretudo nesta época do ano: os paredões de som. Embora proibido por lei, a prática pode ser encontrada com frequência em Fortaleza e tem sido alvo de críticas da população que, com medo da violência, tem cancelado a festa em alguns bairros, a exemplo da Cidade dos Funcionários e Monte Castelo.


Moradores de bairros como Cidade dos Funcionários e Monte Castelo se queixam que jovens querem esticar a folia e instalam paredões de som Foto: Marília Camelo
No último sábado (26), durante o Pré-Carnaval do bairro Ellery, duas pessoas morreram e três ficaram feridas durante uma confusão que envolveu policiais do Ronda do Quarteirão e pessoas que se divertiam com os paredões de som. Depois disso, a Prefeitura Municipal de Fortaleza cancelou a festa no local.

"A gente vê uma coisa dessa e sabe que fez a coisa certa ao não realizar mais o Pré-Carnaval onde moramos", afirma o presidente da Associação de Moradores do Lago Jacarey, José Carlos Ferreira Maia.

Paredões de som
O presidente relata que, mesmo sem a festa no seu bairro, jovens chegam, no início da noite, e instalam os paredões de som, deixando praças cobertas de latas de bebidas e incomodando famílias do local. "O primeiro sábado do Pré-Carnaval foi terrível. Nos outros, ligamos para a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) e o problema diminuiu, mas ainda continua acontecendo", conta.

Outro bairro que lamenta a situação é o Monte Castelo. Entretanto, o pintor e carnavalesco Francisco Pires, que vive no local e costuma organizar festas na área, reforça que brigas e tumultos não são causados durante o Pré-Carnaval e, sim, por jovens que aproveitam o término da festa como desculpa para esticar a folia e instalar paredões de som. "Segurança devia ter em todos os bairros da Capital, e não só onde tem mais concentração de gente", opina.

De acordo com a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), em 2013, o órgão contou com o apoio do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) a fim de oferecer uma atenção especial nos espaços de maior concentração de foliões.

Com isso, reforçou o policiamento no Benfica, no Centro e na Praia de Iracema. Quanto aos demais bairros, o Plano de Ação da Polícia Militar (PM) para o período do Pré-Carnaval é realizado pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), que não deu retorno para a equipe de reportagem até o fechamento desta edição. Para buscar justiça e apoio, a comunidade do bairro Ellery fez um pedido à comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) para que formalize ajuda institucional às famílias das vítimas. Procurada pela equipe de reportagem para comentar como são feitas as fiscalizações, a Seuma e a Prefeitura de Fortaleza disseram que os responsáveis não podiam falar por conta o expediente, que se aproximava do fim.

LÍVIA LOPESREPÓRTER/Diário do Nordeste ) 

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