Capacidade de geração de energia por meio dos ventos chegará a 1,82GW, superior à demanda do Estado
Cada
vez mais consolidado como um dos protagonistas do setor de energia
eólica no País - ao lado de Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do
Sul - o Ceará se prepara para, nos próximos três anos, aumentar em cerca
de 209% a sua capacidade de geração de luz elétrica por meio dos
ventos.
Atualmente,
o Estado possui 19 parques eólicos em operação, com uma potência total
estimada em 588,8 MW, o que corresponde a 32% da capacidade de geração
de todas as energias do Ceará FOTO: MELQUÍADES JÚNIOR
Isso
significa que, em 2016, o Estado deverá ter, em operação, uma potência
total de 1,82 GW, resultado da soma entre os atuais 588,8 MW e mais 1,23
GW que estão por vir, através de 19 parques eólicos que estão em
construção e outros 31 que ainda não tiveram suas obras iniciadas (mas
já foram contratados), totalizando 50 empreendimentos previstos, de
acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
A estimativa é de que 19 destes 50 iniciem suas atividades ainda 2013, 19 em 2014 , 11 em 2015 e apenas um em 2016.
Entre
os municípios que receberão as obras, quase todos litorâneos,
destacam-se Trairi, com 11 deles (256,4 MW), e Tianguá, com sete (210
MW).
Segundo informações da Abeeólica, os parques eólicos que
estão em construção no Ceará representam 17,46% do total de parques que
está sendo construído no País. Já os parques eólicos que foram
contratados para o Estado correspondem a 27,29% do total contratado em
todo o Brasil.
Representatividade
Quando
tudo estiver pronto e funcionando, os ventos cearenses serão donos de
uma potência bem superior à demanda média de energia elétrica de todo
Estado em horários de pico, que, durante o ano passado, ficou registrada
em 1,117 GW/h, segundo dados da Companhia Energética do Ceará (Coelce).
É
importante esclarecer que isso não quer dizer que a potência eólica de
1,82 GW prevista para 2016 conseguiria, sozinha, abastecer o Estado,
pois, em média, os parques produzem 40% da sua capacidade.
Atualmente,
com 19 parques em operação, a eólica do Ceará corresponde 32% de toda a
capacidade de geração de energia do Estado e a 38% desse tipo de
energia no País.
Domicílios
Levando em conta
essa produção média de 40%, os 1,23 GW prometidos até 2016 seriam
capazes de abastecer quase três milhões de domicílios que consomem cerca
de 120 kW/h (a média para uma residência com uma sala, três quartos,
dois banheiros e uma família formada por cinco pessoas). A mesma equação
aponta que a soma do que o que está em operação com o que vem por aí
abasteceria aproximadamente 4,3 milhões de imóveis do mesmo estilo.
Vantagens
Diante
do drama de distribuição de energia elétrica que o País tem vivido,
pautado principalmente pelo medo de um novo apagão e da possibilidade de
um racionamento, as renováveis entram em cena, ganhando força nas
discussões entre especialistas da área.
Os motivos são dois: os
reservatórios de água permanecem em baixos níveis, e as termelétricas,
que funcionam como um plano B, operam em capacidade máxima, demandando
altos custos.
Diante desta situação, o presidente da Câmara
Setorial de Energia Eólica do Ceará, Adão Linhares, reforça que o setor
tem se mostrado como uma sólida alternativa na matriz energética
brasileira. "Apesar das termelétricas serem uma alternativa mais prática
em época de poucas chuvas, já que são usinas movidas a combustível, a
energia eólica funciona muito melhor de maneira complementar, pois,
quando os recursos hídricos são baixos, há mais vento, e vice-versa.
Além disso, é uma energia barata e limpa, ao contrário das
termelétricas", defende.
Linhas atrasadas
O
principal gargalo no setor tem sido a demora na instalação de linhas de
transmissão em 50 empreendimentos no Brasil, oito deles no Ceará. A
presidente da Abeeólica, Élbia Melo, aponta três motivos para os
atrasos, todos resultado, segundo ela, de segmento ainda "inexperiente"
no País. "Em primeiro lugar, houve um descompasso, porque a licitação,
para quem faz essas instalações, vem ocorrendo um ano depois dos leilões
dos parques. Em segundo lugar, previa-se que essas obras terminassem em
dois anos, mas, depois, viu-se que eram necessários três anos. E em
terceiro lugar, tem havido um pouco de despreparo por conta das empresas
gestoras dos parques", afirma.
As linhas de transmissão são de
responsabilidade da Companhia Hidrelétrica de São Francisco (Chesf),
que, em entrevistas, vem alegando atrasos na liberação de licenças
ambientais.
Novos leilões
A Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) planeja realizar, até 2022, mais dois leilões
de energia nova A-5 (que contrata energia para começar a ser entregue em
cinco anos), uma rodada A-3 (para energia que inicia a entrega em três
anos) e um leilão de energia de reserva. Antes disso, as regras de
contratação devem ser alteradas para que os mesmos erros não se repitam.
Importância
"A eólica funciona melhor de forma complementar, pois quando os recursos hídricos são baixos, há mais ventos e vice-versa".
Adão LinharesPresidente da Câmara Setorial do Ceará
"As linhas de transmissão estão atrasando por fatores que mostram a inexperiência de um setor ainda novo no País".
Élbia MeloPresidente da Abeeólica
( Diário do Nordeste )
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