A partir do golpe
militar de 1964, foi instituído no país um regime político, onde a tortura, já
utilizada desde o passado contra escravos indígenas e africanos, pelas elites
coloniais, privadamente, foi agora institucionalizada pelo Estado, como um
instrumento de segurança nacional e investigação, a despeito dos direitos
humanos dos investigados.
Assusta-nos saber que a
tortura é praticada, até hoje, em delegacias, quartéis e penitenciárias, e que
grande parte da nossa população a aprova como método para obter confissões e
provas, como se constata pela pesquisa realizada no Núcleo de Estudos da
Violência da USP, realizada em 2010, em que quase metade dos brasileiros
concorda com o seu uso para obtenção de provas nos tribunais. Os responsáveis
pela pesquisa consideram que tal opção, consequência da desconstrução da
memória popular, decorre de uma frustração com o desempenho do nosso sistema de
Justiça, além de considerarem que a prisão é ineficiente para punir ou
reabilitar.
Enquanto os crimes da
história do Brasil continuarem impunes, os criminosos continuarão transferindo
culpas aos torturados, assassinados e perseguidos, as vítimas de seus crimes,
os que se calam se manterão cúmplices, e toda a população permanecerá vítima e
refém, e a história do Brasil continuará sendo escrita por criminosos.
No Piauí, a memória das
lutas do povo, militantes democráticos, sindicalistas, camponeses, estudantes,
em décadas passadas e as perseguições sofridas devido a essas lutas, após o
golpe de 1964 está ainda mais oculta.
O Comitê Piauiense pela
Memória se propõe esclarecer a verdade histórica através de atos que deem voz
aos perseguidos, assassinados e esquecidos, assim como desconstruir a mentira
estabelecida na sociedade em cujo nome se continua a praticar inomináveis
crimes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário