O
recurso em que o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) pede
cassação da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do vice-governador
Washington Luiz Oliveira (PT) e a convocação de novas eleições no estado
aguarda há mais de 150 dias parecer do Ministério Público. A previsão
era de que até o final do ano passado fosse julgado a cassação da
governadora Roseana por abuso de poder político e econômico. Entretanto,
até agora o processo (RCED 809), misteriosamente, ‘dorme’ nas mãos do
procurador Roberto Gurgel.
Os
advogados de acusação, Rodrigo Lago e deputado Rubens Pereira Júnior
chegaram a requerer ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no
dia 5 de outubro do ano passado, pedido de absoluta preferência no
exame do processo. Os dois causídicos alegaram que a fase de instrução
processual já foi concluída e apresentada as alegações finais pelas
partes, onde abriu-se vista dos autos a Procuradoria Geral Eleitoral
para a elaboração de parecer final, que estão com Gurgel desde
10.08.2012.
Segundo eles, protocolado o
RCED em dezembro de 2010, e desembarcando os autos no eg. TSE em
28.03.2011, o prazo razoável para julgamento já se encontra extrapolado,
uma vez que segundo rege a Constituição Federal, considera-se duração
razoável do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo o
período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça
Eleitoral.
Sendo assim, solicitaram do
procurador Roberto Gurgel a emissão breve do parecer da Procuradoria
Geral, liberando o processo para ser colocado em julgamento no plenário
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tendo em pauta a legitimidade das
Eleições 2010 para governador do Estado do Maranhão.
O que até agora não ocorreu.
Depois de todos os trâmites, a ação está já há um bom tempo com o procurador-geral, que continua sem despachá-la.
“No
RCED 809 contra Roseana, o PGR Gurgel requisitou os autos, que estavam
distribuídos para a Sandra Cureau. Todos sabem que no TSE é de praxe a
Vice-procuradora-geral Eleitoral emitir pareceres nos RCED´s. Foi assim,
inclusive, no RCED 671 que cassou Jackson Lago. Foi da vice-PGE todos
os pareceres emitidos em RCED´s contra governadores eleitos em 2010.
Menos no processo de Roseana”, instiga Rodrigo Lago.
Há
quem veja nessa morosidade um conluio entre o senador Sarney, pai da
governadora, e Gurgel. Sustentam essa hipótese renitentes coincidências.
José Arantes, assessor parlamentar do procurador-geral foi assessor
parlamentar de Sarney na Presidência da República. Outra justificativa
para tamanha lentidão seria uma espécie de acordo de Sarney com Gurgel.
Dizem que Gurgel precisou de uma proteção e procurou Sarney, que, em
contrapartida, ‘sugeriu’ que ele ‘sentasse em cima’ da ação que pede a
cassação de Roseana. Seria apenas um detalhe curioso?
Provas
De
acordo com a acusação, Roseana Sarney assinou convênios com prefeituras
no valor de quase R$ 1 bilhão com nítido caráter eleitoreiro. Na
petição, os advogados alegam que os convênios foram utilizados “como
meio de cooptação de prefeitos e lideranças políticas e sindicais”.
Uma
das provas do uso eleitoral dos convênios, segundo os advogados, é a
concentração da celebração de vários acordos nas vésperas da data da
convenção partidária que homologou o nome de Roseana Sarney para
disputar as eleições de 2010, em 24 de junho daquele ano. Uma tabela
revela que nos quatro dias que antecederam a convenção, a governadora
assinou 670 convênios que previram a liberação de mais de R$ 165 milhões
para diversos municípios do estado.
O
processo também aponta que, em pleno período eleitoral, o governo
maranhense começou a construir moradias por meio do programa chamado
Viva Casa, com gastos de R$ 70 milhões que não estavam previstos no
orçamento. As alegações finais, que somam 79 páginas, trazem planilhas
que mostram que a votação de Roseana foi expressiva justamente nos
municípios beneficiados com os recursos dos convênios fechados em ano
eleitoral.
Ainda na peça, os advogados
sustentam que a influência das ações da governadora no resultado
eleitoral é facilmente perceptível. Roseana ganhou as eleições no
primeiro turno por 0,08% dos votos a mais que a metade dos votos
válidos.
No mês de junho de 2010,
quatro meses antes da eleição para o governo do Maranhão, foram
celebrados pelo governo Roseana Sarney 979 convênios eleitoreiros,
totalizando R$ 400 milhões, segundo processo de cassação (RCED 809)
movido pelo ex-governador José Reinaldo Tavares contra a diplomação dos
atuais governantes maranhenses. Somente nos dias 23 e 24 de junho, no
dia da convenção que homologou a candidatura da filha do senador José
Sarney, foram 545 convênios. Incluindo fundo a fundo, prefeituras,
associações, foram mais de 1 bilhão em convênios eleitoreiros.( FONTE - Do Blog do John Cutrim/JP )
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