quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

84% dos gastos do SUS são com acidentes

A maior parte dos motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou seqüelas como amputações devido aos acidentes de trânsito mais graves



Um total de 84,26% dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) que vem para o Piauí é direcionado para o atendimento de vítimas de acidentes com motocicleta. Número quase duas vezes maior que a média nacional que é de 48%. No Estado, este tipo de acidente subiu 1.286% nos últimos três anos, segundo o balanço anula do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat), divulgados esta semana. O levantamento aponta ainda que no país, 69% das indenizações pagas pelo seguro, de 2011 a 2012, decorreram de acidentes com moto.
Estes dados combinam com uma constatação feita pelas autoridades em saúde no Estado há muito tempo. Segundo o diretor do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Gilberto Albuquerque, a maioria dos acidentados vai para este pronto-socorro e os motoqueiros correspondem a 89% das vítimas, sendo que desse total, 92% dos acidentes estavam associados ao consumo de álcool. "É uma epidemia muito grave e pouco está sendo feito para que isso seja evitado", diz
Em todo o país, 73% das vítimas chegam aos hospitais com risco de vida e ocupam cerca de 40% dos leitos das unidades de Terapia Intensiva (UTIs) públicas. A maior parte dos motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou sequelas, como amputações e paraplegia. A faixa etária mais afetada é 18 a 34 anos. Só no passado, o HUT registrou mais de 666 cirurgias de amputação de membros, dos quais 30% foram de acidentes que envolviam motocicletas.
De acordo com Daniel França, médico do HUT, no mundo, dos pacientes vítimas de trauma de crânio, 11% a 24% são vítimas de acidentes de trânsito. No Piauí, esse número sobre para 70%. "Aqui, o número de trauma craniano grave é três vezes maior que o resto do mundo e o número de lesões decorrentes do não uso de capacete por condutores de motocicletas é três vezes maior também", aponta. "Ainda de acordo com ele, qualquer pessoa que tenha acidente de crânio nunca mais volta a ser a mesma", finaliza o médico.
Ao comentar o resultado do levantamento do Dpvat, o diretor da Associação Brasileira de Medicina no Trânsito (Abramet), o médico Dirceu Rodrigues Alves, citou algumas medidas que poderiam diminuir esses números alarmantes.  Para ele, a criação de faixas exclusivas nas cidades, exames periódicos para motociclistas, penas mais duras, jornadas reduzidas para quem trabalha com motos e investimento em educação no trânsito desde a educação infantil.
Uma pesquisa da Abramet estima que nos próximos seis meses, 69% dos motociclistas poderão sofrer algum tipo de acidente, tendo lesões leves, médias ou graves. O cálculo teve base em uma amostragem com 800 motoqueiros, em 1993. Atualmente, 27% da frota nacional de veículos é composta por motos, ultrapassando 19 milhões de unidades.( Diário do Povo )

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