A
maior parte dos motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou
seqüelas como amputações devido aos acidentes de trânsito mais graves
Um total de 84,26% dos gastos do Sistema
Único de Saúde (SUS) que vem para o Piauí é direcionado para o
atendimento de vítimas de acidentes com motocicleta. Número quase duas
vezes maior que a média nacional que é de 48%. No Estado, este tipo de
acidente subiu 1.286% nos últimos três anos, segundo o balanço anula do
Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via
Terrestre (Dpvat), divulgados esta semana. O levantamento aponta ainda
que no país, 69% das indenizações pagas pelo seguro, de 2011 a 2012,
decorreram de acidentes com moto.
Estes dados combinam com uma constatação feita pelas autoridades em saúde
no Estado há muito tempo. Segundo o diretor do Hospital de Urgência de
Teresina (HUT), Gilberto Albuquerque, a maioria dos acidentados vai para
este pronto-socorro e os motoqueiros correspondem a 89% das vítimas,
sendo que desse total, 92% dos acidentes estavam associados ao consumo
de álcool. "É uma epidemia muito grave e pouco está sendo feito para que
isso seja evitado", diz
Em todo o país, 73% das vítimas
chegam aos hospitais com risco de vida e ocupam cerca de 40% dos leitos
das unidades de Terapia Intensiva (UTIs) públicas. A maior parte dos
motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou sequelas, como
amputações e paraplegia. A faixa etária mais afetada é 18 a 34 anos. Só
no passado, o HUT registrou mais de 666 cirurgias de amputação de
membros, dos quais 30% foram de acidentes que envolviam motocicletas.
De
acordo com Daniel França, médico do HUT, no mundo, dos pacientes
vítimas de trauma de crânio, 11% a 24% são vítimas de acidentes de
trânsito. No Piauí, esse número sobre para 70%. "Aqui, o número de
trauma craniano grave é três vezes maior que o resto do mundo e o número
de lesões decorrentes do não uso de capacete por condutores de
motocicletas é três vezes maior também", aponta. "Ainda de acordo com
ele, qualquer pessoa que tenha acidente de crânio nunca mais volta a ser
a mesma", finaliza o médico.
Ao comentar o resultado do
levantamento do Dpvat, o diretor da Associação Brasileira de Medicina no
Trânsito (Abramet), o médico Dirceu Rodrigues Alves, citou algumas
medidas que poderiam diminuir esses números alarmantes. Para ele, a
criação de faixas exclusivas nas cidades, exames periódicos para
motociclistas, penas mais duras, jornadas reduzidas para quem trabalha
com motos e investimento em educação no trânsito desde a educação infantil.
Uma
pesquisa da Abramet estima que nos próximos seis meses, 69% dos
motociclistas poderão sofrer algum tipo de acidente, tendo lesões leves,
médias ou graves. O cálculo teve base em uma amostragem com 800
motoqueiros, em 1993. Atualmente, 27% da frota nacional de veículos é
composta por motos, ultrapassando 19 milhões de unidades.( Diário do Povo )
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