quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A crítica que fazem ao Pontífice alemão que renuncia não passam de uma autocrítica.



Paulo Solon

Toda disfunção deriva da propriedade privada que o Cristianismo defende. E quando me refiro a Cristianismo, estou incluindo os protestantes que teimam em criticar a Igreja católica, mas que imitam o catolicismo na acumulação de riqueza, no comportamento ético e na concepção teológica.



Para Marx e Engels, Proudhon quase chega ao Criticismo Crítico, sem contudo poder expressar seu pensamento por haver tido a falta de sorte de ter nascido francês, e não alemão. “Proudhon coloca um final ao seu inconsciente de uma vez por todas. Ele assume a aparência humana das relações econômicas seriamente e lhes faz aguda oposição a sua inumana realidade. Ele força com que elas sejam na verdade o que eles próprios se imaginam ser, ou, para ser mais exato, desistir de suas próprias ideias sobre si próprios e confessar sua real inumanidade”.
Voltando ao Criticismo Crítico professado pelo Pontífice alemão que renuncia agora, no paganismo Cristão formulado por Hegel, o filho é quem engravida a mãe. Hegel substitui a conexão real entre homem e natureza por Sujeito-Objeto absoluto, o Espírito Absoluto. E surge a universal culpa do tema, que não tarda em se transformar em culpa universal. Na especulação de Hegel, a filha passa a ser a mãe de seu pai.
O paganismo Cristão adotou a essência da propriedade privada como questão vital da economia política e da jurisprudência, no dizer de Herr Edgar. Para Herr Edgar, Proudhon se transformou em um objeto teológico pelo seu Absoluto na História e por suas crenças na Justiça.
Bento XVI não é latino, mas germânico. Herr Edgar declara “que Grego e Latim pereceram tão logo a gama de pensamento que essas civilizações expressavam entrou em completa exaustão. Aliás, é o que estamos vendo agora.
PENSAMENTO CONFUSO
No meu modesto entender, Proudhon tem um pensamento confuso quando diz, por exemplo, que “a habilidade de trabalhar a terra e de construir uma fazenda foi a base para a posse da terra”. De acordo com Marx e Engels, não era suficiente assegurar para o agricultor o fruto de seu trabalho sem garantir-lhe ao mesmo tempo os instrumentos de produção. Proteger o fraco contra os excessos e abusos do forte. Foi necessário estabelecer linhas de demarcação permanente entre os proprietários.
Nao se sabe qual a crise que o Pontífice alemão enfrenta, sendo o primeiro a renunciar em seis séculos. E parece que ele conhece de cor e salteado aquilo que está lá escrito na Bíblia: “O que fecha sua boca conserva sua vida, mas o que muito fala a si mesmo se condena” (Provérbios 13-3)
Marx e Engels declaram que, ao aceitar as relações de propriedade privada como humanas e razoáveis, a economia política se move em permanente contradição em relação a sua premissa básica, propriedade privada, contradição análoga à da teologia, que, continuamente fornece interpretações religiosas, o que está em constante conflito com sua promessa básica, o caráter superhumano da religião. ( Tribuna da Imprensa )

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