Correligionários evitam polemizar com o ministro, que se coloca contra o projeto Eduardo, e admitem, em reserva, um "racha"
No PSB de Eduardo Campos (foto), já se prevê o afastamento de Bezerra Coelho
Sem economizar nas sucessivas demonstrações de fidelidade à presidente Dilma Rousseff (PT), o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), caminha para o descolamento do ninho socialista.
Essa é a interpretação de integrantes do PSB após as últimas declarações do ministro em favor do apoio do partido à reeleição de Dilma em 2014. Embora não tenha sido a primeira vez que FBC fez essa defesa, sua última manifestação foi considerada “acima do tom” por correligionários.
Enquanto participava, na segunda-feira (27), de um ato na sede do Incra ao lado de lideranças petistas, como o deputado federal João Paulo (PT), o ministro disse, de forma veemente, preferir a manutenção da aliança com o PT ao lançamento de uma candidatura própria do PSB.
Neste mesmo dia, ele não compareceu ao encontro organizado pela cúpula do partido com vereadores socialistas, evento que teve a participação dos principais líderes da legenda no Estado, inclusive do governador Eduardo Campos (PSB). Sua assessoria alegou que ele estava com a “agenda apertada”.
Dentro do PSB, a avaliação é de que Bezerra Coelho utiliza apenas como álibi sua ligação com o governo federal e o desconforto com a movimentação nacional do governador. Entende-se, no entanto, que seu real motivo de insatisfação são os rumos que as articulações para a sucessão estadual estão tomando nos bastidores.
Como alimenta um desejo antigo de concorrer ao governo do Estado, o ministro viu suas chances de ser o indicado de Eduardo diminuírem com o anúncio de que o atual vice-governador, João Lyra Neto, deixará o PDT para se filiar o PSB.
Lyra se movimenta, silenciosamente, para alavancar sua candidatura e tem uma vantagem em relação a FBC e aos demais aspirantes: será ele quem irá assumir o Executivo estadual, em abril de 2014, quando Eduardo tiver que se desincompatibilizar do cargo para disputar a eleição, seja de deputado federal, senador ou presidente.
Ao mesmo tempo em que o afastamento de FBC do partido torna-se mais evidente, crescem os rumores de que ele pode vir a se abrigar no PT, PSD ou PMDB para satisfazer seu anseio de pleitear o governo. A ordem no PSB, porém, é não polemizar, publicamente, e deixar que o próprio ministro construa sua saída, se for o caso. O partido não quer deixar rastros nesse processo de rompimento.( NE10)
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