Fernando Rodrigues (Folha)
Partido político “virou coisa de eleição” e “deixou de ser
instrumento de mobilização das ruas”, constata Lindbergh Farias,
ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo
impeachment do então presidente Fernando Collor.Há dez anos no poder, o PT e outras siglas de esquerda experimentam “um afastamento” das demandas da sociedade, “principalmente desse contato com a juventude”, afirma Farias em entrevista ao “Poder e Política”, programa da Folha e do UOL. “Acho que houve um descolamento da vida das pessoas”.
Aos 43 anos, hoje senador da República pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh acumula vasta experiência no currículo sobre protestos de rua. Foi do PC do B, do trotskista PSTU e virou petista em 2001.
Para ele, o PT ficou ao largo dos atuais protestos. “A lógica de estar nos governos acaba distanciando de uma pauta mais real”. E falar de conquistas passadas “não basta mais”, diz ele. “Se nós do PT ficarmos na agenda antiga dos [últimos] dez anos, nós vamos ser superados”.
O petista compara as manifestações de hoje com as de duas décadas atrás e lembra que, no impeachment, demorava até 15 dias para marcar uma passeata. Hoje o movimento é instantâneo por meio das redes sociais.
A composição demográfica também se alterou. “Na minha época era mais juventude de classe média. Agora tem classe média e periferia, que é essa nova classe média.”
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