Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa
Foi sensível a queda na popularidade da presidente Dilma, mas nada que leve alguns açodados e outro tanto de ingênuos a supor já ter sido substituída pelo Lula como candidata do PT, ano que vem. Até porque, somados, os outros pré-candidatos perfazem mais de 50% das preferências de voto, conforme o Datafolha, tanto contra Lula quanto contra Dilma. Continuando as coisas como vão, haverá segundo turno, abrindo-se três hipóteses mais ou menos equivalentes: Marina Silva, Aécio Neves e Joaquim Barbosa.
Traduzindo: embolou o meio campo neste meio de 2013, mas quem garante que no fim do ano, ou daqui a um ano, o quadro não estará de cabeça para baixo? Sendo assim, nem Dilma nem os demais, inclusive o Lula, tem motivos para desesperar-se ou para alimentar ilusões.
Em meados do século XVIII um formidável intelectual chamado Diderot, principal editor da Enciclopédia Francesa e líder dos Iluministas, escreveu que emprestar à sabedoria um ar de tolice é fundamental para a sobrevivência das ideias. Para as candidaturas também, valeria acrescentar. Nada mais oportuno para quem pretende disputar a presidência da República do que de vez em quando fazer-se de bobo.
Dilma, por exemplo, não deve passar recibo na existência de razoável corrente de companheiros que pretende vê-la substituída pelo Lula. Precisaria até espalhar, quem sabe pela voz de Aloizio Mercadante, que só será candidata se o antecessor não for. Da mesma forma como faz o Lula, que vive afirmando a prevalência da sucessora em disputar o segundo mandato.
A mais sábia decisão que poderiam adotar Dilma e Lula seria deixar as coisas exatamente como estão. Ela, procurando compensar a rebelião das ruas com ações de governo, claro que num ritmo superior à performance desenvolvida até agora. Sem dar a impressão de ser uma simples marionete do Lula, que não é, mas mantendo com o ex-presidente os mesmos canais de comunicação utilizados até hoje. Deslocar pedras, podendo ser uma delas a de sustentação da estrutura, equivaleria a bobagem.
Volta-se a falar numa reforma do ministério. Seria um erro, por mais sofrível que pareça a equipe, em especial depois que Dilma cedeu aos partidos de sua base parlamentar, premiando-os. Melhor seria deixar o tempo passar e aguardar o fim do ano, quando mais da metade dos ministros decidirá candidatar-se às eleições de 2014. Seria então a oportunidade para a seleção dos melhores em cada setor, sem considerações fisiológicas.
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