A
Controladoria Geral da União (CGU) divulgou ontem a prévia de um
relatório que aponta indício de fraudes na aplicação de recursos do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) em pelo
menos 73% de 120 prefeituras e nas quatro secretarias estaduais
investigadas entre 2011 e 2012.
Foram selecionados e fiscalizados municípios
dos estados do Pará, Alagoas, Pernambuco e Piauí. No total foram
fiscalizadas 19 secretarias municipais de educação paraenses além da
secretaria do Estado, a Seduc.
A CGU descobriu fraudes e erros grotescos. O
Relatório de Avaliação da Execução de Programas de Governo revela que,
nos quatro estados e nos 120 municípios fiscalizados na amostra foram
detectados casos de professores recebendo valores abaixo do piso
nacional e, em vários municípios, foram verificadas despesas
incompatíveis com o objetivo do Fundeb, além de irregularidades em
licitações.
Entre as irregularidades detectadas no
relatório estão: em 58,89% dos entes fiscalizados houve a realização de
despesas incompatíveis com o objeto do Fundo; em 41,12% houve a
ocorrência de montagem, direcionamento e simulação de processos
licitatórios; em 41,93% foram efetuados pagamentos em desconformidade
com a legislação; em 16,9% foi detectada a ocorrência de saque “na boca
do caixa”. Em 22,5%, foi verificada “falha de execução de contratos” e
em 9,6% houve superfaturamento.
O relatório da CGU também aponta falhas
administrativas. Em 32,2% dos municípios fiscalizados houve movimentação
de dinheiro fora da conta específica e em 91,9% dos casos, o dinheiro
era depositado em aplicações financeiras enquanto não era usado.
Todos os recursos do Fundeb devem ser
aplicados exclusivamente na educação básica, e o fundo envolve,
atualmente, recursos globais (somados todos os entes) da ordem de mais
de R$ 100 bilhões anuais.
A CGU divulgou o relatório um dia após a
divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios - IDHM -,
que mostrou que os municípios e o Pará estão entre os piores resultados
do país, como o município de Melgaço, o pior do Brasil, e outras sete
cidades da Ilha do Marajó, o maior entrave para a melhoria no
desenvolvimento humano é exatamente a qualidade da educação, que é alvo
constante de desvios e fraudes conforme ficou comprovado agora com a
divulgação deste relatório.
As regras do Fundeb determinam que pelo
menos 60% dos recursos sejam usados para pagar salários de professores.
Segundo o levantamento, esse patamar foi atingido em 66% dos estados e
municípios analisados. Em cinco unidades fiscalizadas ocorreram
pagamentos com mais de 30 dias de atraso.
Em relação aos conselhos de acompanhamento e
controle social do Fundeb, 33% deles não acompanharam a execução dos
recursos do Fundo; 48,4% não supervisionaram a realização do censo
escolar, e 49,19% dos conselhos visitados não receberam capacitação no
período examinado.
A reportagem só teve acesso aos dados da CGU
à noite, quando também procurou a Assessoria de Comunicação da Seduc
que informou ainda não ter conhecimento dos dados. Hoje a Seduc podera
se manifestar sobre o relatório.
(Diário do Pará)
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