Presidente Dilma Housseff
Denuncia
divulgada ontem pelo site Uol e jornal Folha de São Paulo, mostram que
cabos eleitorais do Piauí, que aparecem como "voluntários" na prestação
de contas de campanha no ano 2010 da presidente Dilma Rousseff,
receberam dinheiro pelo trabalho realizado no segundo turno da eleição.
Efetuar pagamentos de campanha e não declará-los é crime de caixa dois.
Segundo o jornal, foram localizadas 12 pessoas no estado do Piauí e no
Mato Grosso que afirmam não ter trabalhado de graça na campanha, como é
apresentado nos documentos do partido entregues ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). O motoboy teresinense Fernando Araújo Matos, de 23
anos, que aparece como um dos "voluntários", declarou que no segundo
turno ficou só com Dilma. "Recebi R$ 300 e o tanque de gasolina",
afirmou. Ele conta que rodava a cidade em sua moto carregando bandeiras
da candidata do PT.
Um outro motoboy afirma que trabalhou e
recebeu o dinheiro combinado. "Não sou otário para trabalhar de graça",
disse Mariano Vieira Filho. Porém, o nome dele e o de Fernando Matos
aparecem como cabos eleitorais em declarações individuais de "trabalho
voluntário" assinadas, nas quais eles atestam estar cientes da
"atividade não remunerada".
O PT nega a prática e diz que suas
contas foram aprovadas. No total, a campanha da atual presidente
registrou arrecadação de R$ 135 milhões e despesas de R$ 153 milhões.
Luís Fernando Barbosa Nunes, de 25 anos, também motoboy na campanha de
Dilma em Teresina, disse que sua assinatura foi falsificada no documento
entregue ao TSE. "Nunca ia assinar meu nome errado. Está escrito Luís
com z e eu não escrevo assim", declarou.
Nas contas aprovadas
pela Justiça Eleitoral não há registro de pagamento a nenhum destes
procurados pela equipe de reportagem do Uol e Folha no segundo turno. No
primeiro turno, todos trabalharam para candidatos do PT ou aliados nos
Estados e foram registrados como prestadores de serviço. No segundo
turno, viraram "voluntários" de Dilma.
Partido nega acusações
-Procurada e informada sobre o teor da reportagem, a coordenação
financeira da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, comandada
pelo atual secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo, José de
Filippi Júnior, afirmou que a prestação de contas foi aprovada pelo TSE.
"Os termos de trabalho voluntário foram feitos pelas coordenações
estaduais da coligação e repassadas à coordenação nacional, que
encaminhou para o TSE junto com toda documentação relativa à prestação
de contas", disse, por meio de nota, o tesoureiro à época.
O
vice-presidente do PT do Piauí, Edilberto Borges de Oliveira, o Dudu,
disse à reportagem que, se fosse para usar caixa dois na campanha, "o
mais fácil era não registrar" essas pessoas, em vez de colocá-las como
voluntárias. "Se a pessoa assinou, ela assinou consciente", concluiu.(DP)
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