(Foto: Valter Campanato/Abr)
O
procurador de Justiça Nelson Medrado disse ontem, a respeito das
denúncias veiculadas na última edição da revista Época, que até o
momento o Ministério Público Estadual não dispõe de elementos que
comprovem o envolvimento pessoal do ministro de Minas e Energia, Edison
Lobão, em irregularidades supostamente ocorridas em Serra Pelada. Nelson
Medrado integra a equipe do MPE que investiga desvios de dinheiro
que teriam sido praticados pela antiga diretoria da Cooperativa de
Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), em valores que já
alcançam a cifra de R$ 54 milhões.
A reportagem
publicada pela revista Época denuncia transferências milionárias feitas
para contas bancárias particulares pela Colossus Mineração Ltda,
empresa que se associou à Coomigasp na implantação de uma mina
subterrânea para lavra mecanizada de ouro no antigo garimpo de Serra
Pelada. Os beneficiários desses depósitos, segundo a revista, eram
pessoas ligadas ao ministro de Minas e Energia. Entre elas a dona de
casa Antônia Alves de Oliveira, residente de Imperatriz, contemplada com
o montante de R$ 19,2 milhões.
Nelson Medrado e seus companheiros do MPE já
haviam confirmado, em entrevistas anteriores, a descoberta de
movimentações atípicas com recursos repassados pela Colossus Mineração. O
dinheiro deveria ser destinado à Coomigasp e por ela utilizado em
pagamentos aos garimpeiros associados, o que não aconteceu. Segundo
Nelson Medrado, o Ministério Público ainda está rastreando os tortuosos
caminhos percorridos pelo dinheiro.
Negociatas
Mesmo admitindo que não há até o momento
nenhum fato que comprometa pessoalmente o ministro de Minas e Energia, o
procurador Nelson Medrado revelou que o MPE continua recebendo novas
denúncias relacionadas ao caso de Serra Pelada. Algumas delas,
inclusive, partindo de lideranças de garimpeiros e até mesmo de
cooperativas que funcionam paralelamente à Coomigasp, embora sem
legitimidade oficialmente reconhecida.
Do dirigente de uma dessas
entidades, por sinal maranhense, ele ouviu ainda ontem pesadas acusações
contra a antiga diretoria da Coomigasp, presidida por Gessé Simão de
Melo, apontado pela revista Época como cabo eleitoral do ministro em
suas campanhas políticas no Maranhão.
O denunciante, conforme relatou
Nelson Medrado, chegou a lhe dizer que todas as bandalheiras ocorridas
em Serra Pelada foram arquitetadas pelo que classificou de “a República
do Maranhão”, envolvendo os dirigentes da Coomigasp, todos residentes
daquele Estado, mais o ministro Edison Lobão e até o senador José
Sarney. O líder garimpeiro garantiu também que a Colossus teve participação ativa nas negociatas.
Resposta
Ontem, por meio de sua assessoria, a
Colossus Mineração informou que todos os depósitos realizados por ela em
favor da Coomigasp estão previstos no contrato de parceria e se referem
a adiantamentos de prêmios e ao pagamento pela aquisição de áreas que
foram incorporadas ao ativo da empresa. Sobre supostas ligações com
Edison Lobão, a empresa disse que todas as reuniões realizadas no
Ministério de Minas e Energia tiveram como objetivo tratar de temas
relacionados ao projeto de mineração que a Colossus implanta em parceria
com a Coomigasp.
(Diário do Pará)
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