sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Vereadores podem pegar até 56 anos de reclusão
Diario de Pernambuco - Diários Associados
Os dez vereadores de Caruaru presos na Operação Final podem pegar até 56 anos de reclusão, de acordo informações do delegado Erick Lessa, responsável pelo caso. Ele concluiu o inquérito e encaminhou a documentação para o Ministério Público de Pernambuco (MMPE), que poderá oferecer denúncia contra os legisladores à Justiça em até 15 dias. São mais de 500 páginas com detalhes do suposto esquema de corrupção que envolveu quase metade dos vereadores do município do Agreste do estado.
Segundo o delegado, os vereadores governistas e de oposição cobravam propina para a aprovação de projetos do Poder Executivo. As investigações começaram em junho e, além dos vereadores do município, o delegado ouviu cinco secretários e o prefeito José Queiroz (PDT). Um dos projetos que foi investigado foi o do empréstimo de R$ 250 milhões do BNDES para a instalação do BRT (Bus Rapid Transport) em Caruaru, um projeto do PAC Mobilidade. Erick Lessa, no entanto, não revelou nenhuma prova, porque as investigações correram em segredo de Justiça. Contou apenas que foram feitas escutas telefônicas e ambientais.
O esquema de corrupção seria comandado por dois vereadores de situação - Cecílio Pedro (PTB) e Sivaldo Oliveira (PP) - e por um de oposição - Joseval (DEM). Os dois primeiros, segundo o delegado, atuavam mais nos "bastidores" e só foram obtidas provas contra eles a partir do dia 5 de dezembro. Dessa forma, eles foram indicados uma vez por concussão, corrupção passiva e organização criminosa (esse crime tem uma tipologia diferente e tem pena mais rigorosa do que crime de formação de quadrilha). Já Joseval foi indiciado três vezes por concussão, duas vezes por corrupção passiva e uma vez por organização criminosa. Neste caso, a pena pode chegar a 56 anos de reclusão.
Erick Lessa comentou que o prefeito José Queiroz, em seu depoimento, disse ter ciência de que os vereadores cobravam propina. O delegado, no entanto, assegurou que que a prefeitura não pagou nenhuma quantia aos vereadores para a aprovação do empréstimo para a instalação do BRT. Ele disse que não sabia porque os vereadores aprovaram o projeto. Ainda de acordo com Erick Lessa, um dos vereadores afirmou que recebeu R$ 30 mil a título de empréstimo de outros dois vereadores. "Mas esse assunto é alvo da CPI da CGU", disse o delegado. Ele ressaltou que novas diligências podem ser feitas e que o material recolhido durante a Operação Ponto Final pode resultar em outros inquéritos.
Os vereadores estão reunidos em um hotel da cidade com seus advogados de defesa. Eles prometem conceder uma entrevista coletiva ainda na tarde desta sexta-feira. Mas assessores não descartam a desistência da entrevista, porque só agora eles estão tomando conhecimento do conteúdo das investigações.
Vereadores, crimes e penas
Cecílio Pedro (PTB)
Concussão (uma vez), corrupção passiva (uma vez) e organização criminosa (uma vez)
28 anos de reclusão
Sivaldo Oliveira (PP)
Concussão (uma vez), corrupção passiva (uma vez) e organização criminosa (uma vez)
28 anos de reclusão
Joseval (DEM)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Evandro Silva (PMDB)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Eduardo Cantarelli (Solidariedade)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Jajá (PPS)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Louro do Juá (DEM)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Neto (PMN)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Val das Rendeiras (PROS)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Pastor Jadiel (PROS)
Concussão (três vezes), corrupção passiva (duas vezes) e organização criminosa (uma vez)
56 anos de reclusão
Com informações da repórter Juliana Colares, do Diario de Pernambuco
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