Não, eu também não estou gostando do estilo do jornalista Zeca Camargo como apresentador do Vídeo Show. O próprio substantivo que intitula a função diz: cabe ao comandante de uma atração receber os convidados e deixá-los brilhar. Zeca, no entanto desde a estreia parece querer dividir os holofotes com cada celebridade.
O programa peca por querer criar situações engraçadas para a participação dos artistas, mas há um grande problema: Zeca Camargo não é engraçado. Não na apresentação do programa. Tudo que ele faz soa apenas constrangedor. Sabe o bobão da turma? É o que vem parecendo o ex-apresentador do Fantástico na sua nova empreitada televisiva.
Mas nada justifica a vergonhosa forma como ele vem sendo tratado nas redes sociais, um ataque desumano. Para muitos internautas, a sexualidade virou a explicação para o seu fraco desempenho.
Outros apresentadores também são alvos nas redes sociais, mas a sexualidade nunca é atacada. Dizer que o Faustão fala sem parar (o que não é mentira) e que o Jô Soares não deixa entrevistado concluir o raciocínio (o que muitas vezes também é verdade) são críticas restritas ao trabalho dos comunicadores e são as maiorias das referências críticas a eles na internet.
Mas o caso de Zeca revela a crueldade homofóbica. Separei algumas postagens facilmente encontradas ao digitar o nome do jornalista no Twitter.
“O Zeca Camargo tá muito maricona nesse Vídeo Show. Segura essa franga, viado”, escreveu um rapaz.
Mais uma, agora de uma mulher: “Esse Zeca Camargo já é um viado, apresentando o Vídeo Show só falta ele ir para a Parada Gay”.
De mais uma internauta, quando o programa teve a atriz Betty Faria como convidada: “Zeca Camargo levou um chute no saco da Betty Faria e nem sentiu dor, porque viado costuma colocar o saco pra trás”. Oi?
E não para por aí. “Começou o programa do viado do Zeca Camargo. Desligando a tevê”, escreveu alguém.
Mais uma postagem homofóbica. “Esse Zeca Camargo é viado do c******o, gosto nem de ver”.
E ainda: “Alguém fala pro Zeca Camargo parar de bater palmas o tempo todo. Ele parece um chimpanzé viado”.
Até mesmo parte da imprensa resolveu ironizar o apresentador. Alguns jornalistas resolveram chamar de “soltinho” o jeito como ele conduz o Vídeo Show. Uma ironia fina, devem achar eles.
Parte do público julga Zeca não por sua competência na condução do programa, estão mais preocupados se ele dá ou não dá pinta, se desmunheca ou não. Ao que parece, para estas pessoas os artistas da tevê devem ser colocados numa fôrma heteronormativa. “Para de desmunhecar, viado”!
É o mesmo preconceito que impede a televisão de exibir o tão citado beijo gay. É a repetição do cansativo discurso: “Eu não tenho nada contra homossexuais, mas que cometam suas abominações entre quatro paredes. Meu filho não precisa ver isso”. Afinal, como todos sabemos, homossexualidade se pega como gripe. Por que será que eu não me tornei hétero mesmo com a presença diária dos meus queridos pais durante trinta anos?
Parece patológico como, para muitas pessoas, apenas a presença de um gay é algo capaz de provocar revolta. Os homossexuais, como todo cidadão, têm o direito de viver sua vida integralmente dentro e fora de casa. A sociedade hipócrita faz escândalo quando vê um gay assumido, mas faz vista grossa quando um homossexual resolve ficar dentro do armário e assume uma vida que não lhe pertence em um relacionamento de fachada com uma mulher. “Criou vergonha na cara”, dizem por aí.
A infelicidade é celebrada pelo coletivo ditador de regras destruidoras do indivíduo.
Desejo ao jornalista e apresentador melhores dias no Vídeo Show. E que continue sem se importar com a opinião de pessoas que nada acrescentam.
#Dá pinta, Zeca!Do Blog do Felipe/LGBT/O Dia Rio
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