segunda-feira, 21 de abril de 2014

IBOPE: insatisfação ainda não muda quadro eleitoral


Pedro do Coutto
A pesquisa do IBOPE, objeto de matéria de Cristiane Jungblut, O Globo de sexta-feira 18, assinala a existência de acentuada insatisfação mais com a política em geral do que com o quadro eleitoral. Tanto assim que, em relação ao levantamento anterior, Dilma  Rousseff desceu três pontos, descendo de 40 para 37% das intenções de voto, mas Aécio Neves e Eduardo campos não subiram, o primeiro registrando 14, o segundo apenas 6%.
A insatisfação está registrada no elevado índice dos que hoje votariam em branco ou anulariam o voto: 24%. E também quanto a forma de governar da atual presidente: 47 aprovam mas 48% desaprovam. A reação contrária está aí. Mas é geral. Tanto assim que, com 37%, Dilma venceria no primeiro turno. Isso porque com 24% de nulos e brancos, para efeito de maioria absoluta, 76 passa ser igual a 100. Trinta e sete é quase a metade. Devendo-se considerar também que uma parcela de 9% disse não ter ainda se definido. Esses 9 pontos não vão para uma candidatura só.
Além do mais existem inúmeros candidatos. O pastor Everaldo registrou 2 pontos, o senador Randolfo Rodrigues – aliás, bom parlamentar – assinalou 1 ponto. Mas esta é outra questão. O essencial é que existem motivos de sobra para a insatisfação descoberta. Os aposentados e  pensionistas do INSS têm motivos para estarem satisfeitos? No Rio e São Paulo, por exemplo, duas grandes capitais, são bons os transportes coletivos? O saneamento, de modo geral, a segurança pública?
Vejam os leitores o que aconteceu em Salvador. Uma greve da Polícia Militar deu margem a saques em supermercados e arrombamentos de lojas comerciais. Foi um desastre social. No Rio de Janeiro, a Arquidiocese cancelou as celebrações da Semana Santa por falta de segurança. Em frente à Catedral Metropolitana estavam concentrados os que foram tirados da invasão do terreno da empresa OI, no Engenho Novo.
Enfim, motivações não faltam para essa insatisfação que o IBOPE revelou. E que falar do real custo de vida? Da eterna compressão salarial? A questão, portanto, é de amplitude enorme. O que está acontecendo, porém, é que Dilma recuou três degraus, mas Aécio e Campos não avançaram. Pode ser que venham a ocupar o espaço da insatisfação e de mais e de mais uma nova esperança. Porém, até agora, não deram sinal que conduza concretamente a tal perspectiva. Por enquanto, o desejo de mudança abrange todos os candidatos. A vantagem de Dilma Rousseff permanece. O resto são hipóteses. Hipóteses não são fatos.
 
 

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