segunda-feira, 21 de abril de 2014

Os prejuízos do PT


Carlos Chagas
A queda nos índices de preferência da presidente Dilma para concorrer à reeleição ainda seria absorvível caso não se ampliasse mais, ou pelo menos se mantidos os níveis capazes de, em outubro assegurar-lhe a vitória. Concluem analistas e promotores das consultas populares que por enquanto o segundo mandato não está garantido, quem sabe até no primeiro turno. Estão sendo gentis, com ou sem interesses subalternos,  quantos vivem e se sustentam por conta das pesquisas. Claro, todos admitem a ressalva que só os próximos meses revelarão: se a queda se acentuar e se os adversários crescerem, o segundo mandato poderá ir para o espaço.
Do que quase ninguém cuida, ao menos de público, é do reflexo da diminuição dos números de Dilma nas outras eleições, para os governos estaduais, o Congresso e as Assembleias Legislativas. Será inevitável que a perda de votos pela presidente determinará também a queda de votos nos  candidatos do PT a governador, senador, deputado federal e deputado estadual.
É aqui que mora o perigo, primeiro para Dilma, em função do “volta Lula”, depois para o partido que imaginava preservar maioria na Câmara e, quem sabe, conquistá-la no Senado. Se hoje, com as atuais bancadas, os companheiros defrontam-se com sucessivas derrotas parlamentares e não dominam os grandes estados, imagine-se como ficarão na hipótese  do emagrecimento. O PT gostaria de fazer o novo presidente da Câmara, mas se vier a dispor de menos deputados do que o PMDB ou mesmo o PSDB, nem pensar.
Essa redução repercutirá num novo governo do PT, com Dilma ou com o Lula. As dificuldades para governar serão maiores, em especial quando se projetam grandes obstáculos para 2015. Reajustar preços, conter a inflação, atender reclamos do empresariado e estancar a corrupção surgem como necessidades absolutas. Diante de um Congresso hostil e ciente de que perderá o papel de condômino do poder, mais difícil ainda.
Pesquisa não ganha eleição, é máxima permanente em política, desde que  surgiram as primeiras consultas eleitorais. Mesmo assim, os números significam as tendências de um determinado momento. Mágicas, ninguém faz, ou seja, nem por milagre Dilma irá recuperar os índices  folgados de até um ano atrás. Mas se mantiver o equilíbrio instável do último Ibope, deverá preparar-se com doses maciças de paciência e tolerância para enfrentar os próximos quatro anos.
 
 

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