Flávia Carneiro
O Tempo
O aumento da inflação, a economia em baixo crescimento, a crise no
setor energético brasileiro e o alto índice de rejeição à classe
política prometem embaralhar a disputa presidencial deste ano.
Cientistas políticos analisam que a eleição majoritária de 2014 será a
mais imprevisível do Brasil, desde o fim da ditadura militar. A
presidente Dilma Rousseff (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto
seguida à distância pelo senador tucano Aécio Neves e pelo ex-governador
Eduardo Campos, do PSB, mas o cenário é complexo. As intenções de voto e
a popularidade de Dilma estão em queda.Segundo o sociólogo e cientista político Rudá Ricci, o país vive uma situação inusitada, em que tudo pode acontecer nos próximos meses, pois a queda na popularidade de Dilma não está beneficiando diretamente a oposição. “A transferência de votos para os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos não está acontecendo. Há uma rejeição à classe política brasileira, o que pode aumentar o nível histórico dos votos brancos, nulos e abstenções. Esse índice pode chegar a cerca de 30%, bem maior que os 20% registrados em eleições anteriores”, analisa.
Rudá Ricci afirmou que se o Brasil sair vitorioso na organização da Copa do Mundo e também na competição, a euforia poderá abalar o discurso crítico no país, beneficiando a candidatura da presidente. Por outro lado, se o Brasil perde a Copa, as manifestações populares podem ganhar força e contaminar as eleições.
O sociólogo acredita que haverá alterações na aliança entre o ex-governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva, que poderá assumir a cabeça da chapa. “A pressão para essa mudança será imensa até 20 dias antes do pleito, data limite permitida pela Justiça Eleitoral. Se isso acontecer, o PT vai usar o seu maior trunfo para ganhar as eleições, ou seja, alterar também seu candidato, colocando no lugar de Dilma o ex-presidente Lula.”
OPOSIÇÃO SUBINDO
Já o professor de ciência política da UFMG Manoel Santos acredita que os dois candidatos de oposição, Aécio Neves e Eduardo Campos, devem subir de forma significativa nas próximas pesquisas de intenção de voto, embolando a disputa presidencial. “Dilma Rousseff tem uma inabilidade política tremenda, não consegue se entender com a base aliada no Congresso Nacional nem com os próprios militantes do PT. Já os candidatos de oposição estão atentos à gestão pública, fizeram bons governos em seus Estados e possuem DNA político”, comenta.
“Os jovens brasileiros que participaram das manifestações de 2013 poderão voltar para as ruas durante a Copa do Mundo, o que pode abalar a candidatura da presidente Dilma”. Essa análise é do professor de ciência política da PUC-Minas Gilberto Damasceno. Ele diz que os candidatos à Presidência não sabem lidar com essa juventude que ocupa as ruas.
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