Márcio Garcia Vilela
Entrego-me aos riscos que a solução implica certo de que remédios ministrados em situações críticas ou quase desesperadoras costumam fracassar, cavando o abismo de torná-las ainda piores. Daí partir o articulista de uma hipótese na forma de pertinente indagação: “Se o PT achar que a reeleição de Dilma corre perigo, deixará Lula no banco para agradar a seus adversários?”.
Provavelmente, não, como parece indicar o senso comum. Fortalece o pressuposto o fato de a senhora presidente nada mais ser que um “poste humano”, conforme definição do próprio dono do poste, numa daquelas atitudes desrespeitosas, dentre outras que lhe marcam a personalidade.
Autoritária e arrogante, porém carente de representatividade, a senhora Dilma não conseguiu, ou sequer tentou, apesar de encarnar a autoridade presidencial, qualquer ousadia em busca da autonomia. Ao contrário, a sua fraqueza política é de causar pena e só se sustenta enquanto seus aliados de ocasião têm as tetas do poder à disposição para satisfazerem a fome de fisiologismo de que padecem, mesmo se a comida for da qualidade daquela que se dá aos porcos.
QUADRO CAQUÉTICO
Infelizmente, o quadro político-partidário no Brasil sempre foi nanico, despudorado e caquético. Nada mudou, a despeito das fingidas chifradas com as quais o PT costuma ameaçar e retroceder. Ademais, não me parece que Lula se exponha além de certos limites. Se ficar no status atual de ex-presidente, ainda encontra ração para alimentar-lhe a vaidade infinita, tais como a láurea de pouca valia de doutor honoris causa da Universidade de Salamanca.
Aliás, o que é artificial sempre acaba no ridículo. Como conceder um título desse a um ignorante, que não lê nem sequer um e-mail e detesta livros, consoante já confessou publicamente? Ah! As exterioridades o enlouquecem, como o vestir a farda de alferes estonteava o personagem de Machado de Assis no famoso conto “O Espelho”, “um esboço de uma nova teoria da alma humana”.
Como quer que seja, e por falar em teoria, Elio Gaspari tem lá as suas que, em tempos de sensatez, poderiam funcionar com sucesso. Argumenta ele, por exemplo, que o “Nosso Guia” afinal cederia ao sacrifício de assumir o penoso encargo em nome do amor à pátria, expressão surrada utilizada por populistas sem bandeiras, exceção à única que vale: o poder pelo poder.
Contudo, admito que, frágil embora, há uma chance nisso tudo. O custo pode revelar-se muito alto, mas o longínquo benefício de enfrentar o mal pela raiz deve compensar. (transcrito de O Tempo)
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